Brasil é o país com mais ambientalistas mortos na América Latina

Idioma Portugués
País Brasil

A defesa pela terra tem um custo alto para lideranças na América Latina. Em 2016, dos 200 ambientalistas mortos no mundo, 122 deles estavam em países do continente latinoamericano. Apenas no Brasil foram 49, equivalente a 25% do total. Essa foi a constatação do relatório Defensores da Terra, divulgado pela Global Witnessk.

Por Lara Ely | 29 Setembro, 2017

RELATÓRIO DEFENSORES DA TERRA/DIVULGAÇÃO GLOBAL WITNESS

A Organização das Nações Unidas - ONU alerta para o fato de que, antes de morrer, esses líderes são vítimas de ameaças, torturas, desaparição, agressões e outras formas de violência. Entre as principais causas de mortes estão conflitos associados às áreas da mineração e óleo (33), exploração florestal (23), agronegócio (23), caça (18) e água (7).

EXTRATIVISTAS AMEAÇAM LÍDERES AMBIENTAIS NA COLÔMBIA/GLOBAL WITNESS

Com o aumento dos crimes de líderes comunitários na América Latina e a permanente impunidade, a região enfrenta o desafio de exigir aos estados garantias de que a luta pelas reivindicações sociais não se converta em sentença de morte. Nicarágua foi o pior lugar per capita no ano passado e Honduras mantém seu status como o lugar mais perigoso per capita na última década. Outro país que puxa a fila no ranking é a Colômbia. De um ano para cá, subiu em 30% a taxa de assassinato a essas populações, fato que está diretamente associado à ação das Forças Armadas Colombianas - Farcs, agora convertidas em Partido Político, com a mesma sigla.

Como mostrou reportagem publicada no sitio do IHU On-Line, a principal causa de violência contra líderes sociais na Colômbia passa pela pretensão de grupos armados ilegais de ocupar os territórios deixados pelas Farc, para controlar os negócios ilícitos que foram formadores pelos conflitos na Colômbia. Levando-se em conta o acordo de paz firmado recentemente entre o governo e a guerrilha, essas áreas agora são observadas por companhias extrativistas e grupos paramilitares. Enquanto isso, as comunidades deslocadas que tentam recuperar as terras que lhes foram tiradas durante meio século de conflito são atacadas, segundo o informe de Global Witness.

Em dezembro de 2016, Jakeline Romero, uma indígena Wayuu e ativista dos direitos humanos, recebeu esta mensagem de texto: "Não se concentre no que não lhe diz respeito, se você quer evitar problemas. Suas filhas são muito adoráveis, então pare de mexer os vasos de outras pessoas [...] evite problemas porque até sua mãe poderia desaparecer se você continuar falando. "

Jakeline enfrentou ameaças e intimidação depois de falar contra abusos cometidos por paramilitares e corporações poderosas em La Guajira, na Colômbia. Como professora que a viaja região desde os 18 anos, ela ficou horrorizada com a danos causados pelo financiamento internacional da Mina de carvão de Cerrejón sobre o ambiente local. Mas foi corajosa o suficiente para tomar uma posição.

Assim como Kajeline, quase 40% dos líderes assassinados eram indígenas, uma vez que as terras em que viveram foram apropriadas por empresas, fazendeiros ou atores estaduais. Os projetos geralmente são impostos às comunidades sem o seu consentimento livre, prévio e esclarecido, apoiado pela força da polícia. O relatório responsabiliza, inclusive, soldados como suspeitos em pelo menos 43 assassinatos.

O protesto é muitas vezes a única opção restante para as comunidades exercendo o direito de terem uma palavra a dizer sobre o uso de suas terras e recursos naturais, colocando eles em um curso de colisão com aqueles que procuram lucro a qualquer custo.

Fonte: IHU

Temas: Criminalización de la protesta social / Derechos humanos

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