Os novos senhores da biomassa. Biologia sintética e o próximo assalto à biodiversidade

Idioma Portugués

Sob o pretexto de enfrentar a degradação ambiental, a mudança climática e as crises de energia e de alimentos, a indústria está prevendo uma “nova bioeconomia” e a substituição de carbono fóssil por matéria viva, agora rotulada de “biomassa”.

A biomassa mais produtiva e mais acessível está no Sul global – exatamente onde, até 2050, deve haver outros 2 bilhões de bocas para alimentar em terras que (graças ao caos climático) devem produzir 20- 50% menos. Embora este pareça ser o pior momento possível para colocar novas pressões sobre os ecossistemas, estão dizendo aos governos que a “biologia sintética” – uma tecnologia recém-inventada – poderá produzir e transformar toda a biomassa necessária para substituir todos os combustíveis fósseis que usamos atualmente. Ao mesmo tempo, os novos mercados de carbono estão transformando a vida vegetal em estoques de carbono para negociar (em vez de reduzir as emissões). Mas as companhias que dizem “acreditem em nós” são as mesmas gigantes da energia, da química, do agronegócio e do florestamento que foram as principais criadoras das crises climática e de alimentos que hoje nos afetam.

O que está em jogo

Em jogo estão a alimentação, a energia e a segurança das nações. Como 24% da biomassa terrestre anual do mundo já é consumida para uso humano, a convergência das crises atuais é uma oportunidade para mercantilizar e monopolizar os 76% restantes (e ainda mais, se considerarmos a biomassa nos oceanos) que Wall Street ainda não atingiu. Os setores industriais com interesse em converter matérias-primas de carbono em biomassa incluem as indústrias de energia e química, plásticos, alimentos, têxtil, farmacêutica, de produtos de papel e materiais de construção – mais o comércio de carbono – um mercado combinado valendo pelo menos 17 trilhões de dólares.

Os atores

A mídia especializada fala de companhias start-up como Synthetic Genomics, Amyris Biotechnologies e LS9, mas, por trás das manchetes, o dinheiro para desenvolver a biologia sintética está vindo do Departamento de Energia dos Estados Unidos e das grandes empresas dos setores de energia, como BP, Shell e ExxonMobil, de química, como BASF e DuPont, e de florestamento e agronegócios, como Cargill, ADM, Weyerhaeuser e Syngenta. Enquanto as primeiras unidades experimentais estão sendo desenvolvidas sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, no final das contas ‘a geografia é o destino’ para a economia de base biológica: os países com a maior parte das plantas vivas também acabarão tendo a maior parte das plantas de produção (usinas). A indústria já está fazendo fila no Brasil, México, África do Sul e Malásia como campos de testes para a nova tecnologia. Os governos da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), enquanto isso estão injetando mais de 15 bilhões de dólares em subsídios na economia de biomassa.

Para acceder al documento (formato PDF) haga clic en el enlace a continuación y descargue el archivo:

Temas: Economía verde

Comentarios