Protagonismo da Reforma Agrária no Paraná em época de pandemia: as ações de solidariedade do MST em fatos e fotos

"O percurso proposto neste texto passa por retratar a distribuição espacial dessa solidariedade no conjunto do estado do Paraná segundo grupos de mesorregiões, tendo como recorte temporal o período de dois de abril, momento em que a primeira ação foi levada a cabo pela COPAVI (Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória) no município de Paranacity, no Noroeste do estado, até o dia quatro de setembro, quando aconteceram as duas últimas ações segundo o imperativo de cessar a escrita, o que não significa fim da iniciativa".

- Foto de Erika Bueno Aguiar, 19/06/2020.
Introdução

Crises não admitem desdém, assim como pedem atitude e ações concretas. Mais ainda quando tomam vulto no país projetos de sociedade que relativizam os pilares do Estado de Direito e perturbam o sentido de valores fundamentais da humanidade como a vida, a liberdade e a solidariedade.

A propagação do novo Coronavírus (Sars-Cov2) e a doença que provoca, a Covid-19, tem espalhado luto pelas vidas perdidas, porém tem sido mais devastadora dentre os mais pobres e os milhões de desempregados que já não tinham esperança quando a pandemia chegou. Outros tantos milhões acabaram esmagados em meio ao descontrole criminoso na gestão política, econômica e sanitária da crise. Frente a essa desrazão, iniciativas solidárias espalhadas por todo o país têm impedido que muitos sucumbam, a exemplo da mobilização realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para arrecadação de alimentos dentre camponeses e camponesas assentados(as) e acampados(as) para doação a famílias que enfrentam a falta de renda, de trabalho e de reconhecimento de seus direitos básicos, cuja fila não para de crescer no país afora.

Embora essa seja uma iniciativa em escala nacional, nesse texto nos deteremos no caso do Paraná, valendo-nos dos dados referentes às doações contabilizados pelo MST, de fotografias feitas por comunicadores e comunicadoras populares do movimento durante as ações de solidariedade e da convicção de fundo de que toda essa situação só vem reforçar a necessidade de entender que a questão agrária no Paraná segue aberta e o modelo de produção e distribuição do agronegócio só tem piorado o horizonte da distribuição dos alimentos, dos bens naturais e do emprego no campo.

Saliente-se que o espectro da solidariedade em tempos tão dramáticos é por demais diverso. Além das ações diretas aqui evidenciadas, existem outras organizadas coletivamente que contam com a presença do MST e de outros movimentos sociais e organizações do campo, movimento estudantil e sindicatos de professores, a exemplo dos comitês de resistência e solidariedade constituídos no Oeste e sudoeste do estado e das iniciativas como a da Grande Curitiba que podem ser consultadas na Plataforma Paraná contra a COVID-19.

O percurso proposto neste texto passa por retratar a distribuição espacial dessa solidariedade no conjunto do estado do Paraná segundo grupos de mesorregiões, tendo como recorte temporal o período de dois de abril, momento em que a primeira ação foi levada a cabo pela COPAVI (Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória) no município de Paranacity, no Noroeste do estado, até o dia quatro de setembro, quando aconteceram as duas últimas ações segundo o imperativo de cessar a escrita, o que não significa fim da iniciativa. Essas envolveram os acampamentos Valdair Roque e Terra Livre, nos municípios de Quinta do Sol (mesorregião Centro Ocidental Paranaense) e de Clevelândia (mesorregião Centro-Sul Paranaense), respetivamente.

Para além das quantidades e dos locais, nos parece fundamental reforçar dois ensinamentos fundamentais: que todo esse processo escancara a necessidade de entender a questão agrária no estado e que não se trata de um esforço de caridade ou doação de migalhas que, não raro, afrontam a justiça enquanto princípio inalienável e fim inadiável. Cientes de que “solidariedade é compartilhar o que temos, e não o que nos sobra” (HADICH, 2020) os sujeitos e as sujeitas que promovem essas ações se empenham na construção de verdadeira justiça social pelas próprias mãos calejadas.

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Fonte:  Observatório da Questão Agrária no Paraná

Temas: Defensa de los derechos de los pueblos y comunidades, Movimientos campesinos

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