Estados Unidos: A população de Oregon rejeitou a proposta para tornar obrigatória a rotulagem de todos os alimentos produzidos a partir de ingredientes transgênicos e derivados

No último Boletim (nº 135) festejamos a votação que aconteceria esta semana no Estado de Oregon, Estados Unidos, no plebiscito que incluía uma medida para tornar obrigatória a rotulagem de todos os alimentos produzidos a partir de ingredientes transgênicos e derivados.

Como dissemos, pela primeira vez a pergunta seria feita diretamente aos consumidores, e não a políticos. Tínhamos como indicativo positivo para o sucesso da votação o fato de diversas pesquisas de opinião terem sempre indicado que a maioria esmagadora da população americana era favorável à rotulagem dos alimentos transgênicos (que nunca foi implementada em nenhuma parte do país).

Pois bem, quando pôde votar (na última terça-feira, 05/11), a população de Oregon rejeitou a proposta. Os últimos resultados disponíveis no site CNN.com apresentam o seguinte resultado: 71% dos eleitores contra a lei da rotulagem, versus 29% a favor (com 97% dos votos apurados). Just amazing! (simplesmente espantoso!), é a primeira coisa que nos vem à cabeça.

Está certo, sabemos que, imediatamente após o tema ter sido incluído no plebiscito (depois que um grupo de entidades locais coletou 100 mil assinaturas solicitando a inclusão da proposta), organizou-se uma coalizão de indústrias de biotecnologia e alimentícias (como a PespsiCo Inc., a General Mills Inc., a Kellogg Co., entre outras) que, em apenas sete semanas, arrecadou nada menos que 4,6 milhões de dólares e lançou uma massiva campanha contra o que chamaram de “a Custosa Lei da Rotulagem” no Estado, que contou com centenas de outdoors nas estradas e anúncios impressos, na TV e por correio. Mas, apesar disso, esperávamos que os eleitores não se deixariam enganar por uma campanha milionária, quando uma questão tão explícita de violação dos direitos dos consumidores estava colocada. Ledo engano...

Na busca de uma explicação para o fato, vale à pena um olhar mais cuidadoso sobre o contexto que envolve a situação e sobre outras medidas aprovadas e rejeitadas pelos americanos nestas eleições -- a começar pela incrível vitória dos republicanos apoiadores de George W. Bush na câmara e no senado. Jamais posições tão conservadoras tiveram tanta força no país. A população legitimou um governo beligerante, que não esconde seus propósitos de dominar política e economicamente o resto do mundo, aprovando inclusive medidas que violam os direitos humanos, como a que permite à CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA, em inglês) matar pessoas suspeitas de envolvimento com o “terrorismo”, conceito em que Bush enquadra simplesmente o que quer.

O Plebiscito de Oregon apresentava apenas duas questões. Lá, além de rejeitarem a rotulagem dos alimentos transgênicos, os eleitores rejeitaram a criação de um Plano Abrangente de Assistência à Saúde com financiamento do governo.

Em outros estados houve decisões não menos assustadoras.

Uma medida que propunha que pessoas acusadas de porte ou consumo ilegal de drogas, em determinadas circunstâncias, pudessem escolher tratamento médico ao invés de prisão foi rejeitada no Estado de Ohio (proposta semelhante havia sido aprovada em 1996 no Arizona e em 2000 na Califórnia).

Em Nevada, uma medida reforçando a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovada.

O que dizer sobre tudo isso? Será que os alimentos transgênicos amplamente consumidos pelos americanos estão afetando o cérebro das pessoas? Quem sabe...

Fuente: RAS

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