I Encontro Regional na “Costa do Rio Uruguai” de troca de sementes crioulas reúne mais de 95 variedades de mudas, raças e sementes

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Camponeses, camponesas e atingidos por barragens realizaram na tarde desta quinta-feira, 28 de junho, o I Encontro Regional na “Costa do Rio Uruguai” de Troca de Sementes Crioulas no município de Mondaí, no Extremo Oeste de Santa Catarina. O evento foi realizado pelos movimentos de pequenos agricultores (MPA), de atingidos por barragens (MAB) e de mulheres camponesas (MMC), envolvendo entorno de 80 famílias camponesas, somando mais de 100 participantes.

O encontrou que reuniu pessoas dos municípios São João do Oeste, Itapiranga, São Carlos, Palmitos, Caxambu do Sul e Mondaí além do intercâmbio de sementes e saberes tradicionais, teve como o objetivo intensificar e incentivar a produção de sementes, mudas e raças crioulas, bem como sua defesa e a distribuição.

Na ocasião debateu-se sobre a Campanha Internacional da Via Campesina, “Sementes Patrimônio dos Povos a Serviço da Humanidade”. “Foi apresentado o histórico da Campanha e também, debateu-se como podemos fortalece-la a partir da Campanha “Cada Família Adota uma Semente” organizada pelo MPA”, relata Gilberto Schneider, do MPA e integrante do Coletivo Internacional de Sementes Agroecologia e Biodiversidade da Via Campesina.

A estratégia da Campanha “Cada Família Adota uma Semente”, é que cada família camponesa assuma o compromisso de adotar uma nova variedade de semente de qualquer cultura vegetal ou raça animal. Aquela que desperte maior interesse para cada família, por sua identidade ou seu território, como parte da afirmação do modo de vida Camponês. A família passa a se tornar uma guardiã dessa semente, garantindo sua propagação. Depois de adotar a família deve organizar a reprodução, multiplicação e a distribuição dessa semente ou raça animal.

Algumas famílias do MPA, guardiãs de sementes crioulas e da biodiversidade, já aderiram a Campanha e fizeram o relato de suas experiências no Encontro. Luana Rochemback de Itapiranga, destacou o quanto assumir o compromisso de adotar uma semente mudou a rotina e a vida de sua família que passou a olhar com mais cuidado para a biodiversidade que a unidade camponesa apresenta. Irineu Richter, de São João do Oeste, além de relatar quais variedades sua família tem se dedicado a cuidar e multiplicar também orgulha-se em dizer: “a muitos anos minha família é guardião de sementes crioulas e da biodiversidade, isso mudou completamente a nossa vida para melhor”.

Por sua vez a camponesa Clarinda Fritzen, de Mondaí, afirma, “as sementes, plantas ou animais crioulos, tem um valor incalculável, nos deu autonomia de insumos e de decidir quando e como plantar, sem elas não há Agricultura Camponesa, não a alimento nem vida saudável”. O jovem camponês, Paulo Langue de Palmitos que já viveu a experiência de trabalhar com o Guardiões de Sementes do MPA, aponta: “é impossível construirmos e fazermos agricultura sem sementes, raças ou mudas, cuidar, multiplicar e compartilhar é a melhor forma de garantir a Soberania dos camponeses e camponesas”.

Durante este primeiro encontro várias famílias assumiram o compromisso de adotar uma semente, planta ou raça. Porém, um dos momentos mais emocionantes do Encontro foi quando mais de 20 famílias receberam o certificado de adoção de sementes. Famílias estas que no ano passo adotaram as variedades e esse ano foram certificadas por terem conservado, cuidado, cultivados e agora trazem para ser compartilhadas na troca de sementes. Ao total mais de 95 variedades de sementes crioulas trazidas pelas famílias fizeram parte do intercâmbio.

“Foi um momento muito importante de intercâmbio de troca de sementes e da biodiversidade, mas principalmente de compromisso com a conservação e adoção de sementes a partir da Campanha do MPA e que a Via Campesina Internacional também assumiu em seu último Encontro, Cada Família Adote uma Semente”, relata Gilberto.

Antes mesmo de encerar o encontro, os participantes já marcaram a data para a realização do II Encontro Regional de Troca de Sementes, que será realizado em 2019, em São João do Oeste, na Comunidade da Linha Macuco, ainda não se definiu ao certo a data, porém afirmou-se o compromisso de fazer este segundo encontro de intercâmbio de sementes neste lugar, reconhecer as novas famílias que irão adotando as variedades neste ano e assim, dar sequência a este trabalho, finaliza Gilberto.

Fonte e fotos: Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA)

Temas: Saberes tradicionales, Semillas

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