OMS afirma serem necessários mais estudos sobre os efeitos dos OGMs

A OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgou, na semana passada, documento em que afirma serem necessários mais estudos sobre os efeitos dos OGMs (organismos geneticamente modificados) à saúde. Espera-se, agora, que os governos reflitam um pouco mais, antes de aprovarem indiscriminadamente o uso dessa tecnologia

s@raC s@gima,

O comunicado cita algumas das controversas questões envolvendo a comercialização de produtos transgênicos, como a da rotulagem, por exemplo. Segundo o documento, a venda de alimentos geneticamente modificados tem gerado desavenças em vários países. A União Européia e o Japão exigem rotulagem e a rastreabilidade dos alimentos derivados de OGMs, enquanto os Estados Unidos e o Canadá acreditam que a tecnologia é segura e que essas medidas não são necessárias. Ambos os países, juntamente com a Argentina, entraram com uma petição junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), contra as exigências da União Européia. Como conseqüência, a disputa deixa as multinacionais da indústria de alimentos tendo que lidar com diferentes grupos de regulamentação para lidar de acordo com os países com os quais elas mantêm relações.

Em seu relatório, lançado no dia 23 deste mês, o órgão das Nações Unidas avalia que os organismos geneticamente modificados podem aumentar a produtividade dos campos, a qualidade e a diversidade dos alimentos que podem ser cultivados em uma dada área [dados ainda especulativos, uma vez que não são apresentados estudos que comprovem essas informações], porém alerta para o perigo que a introdução precipitada de novos tipos de genes na cadeia alimentar pode representar.

O documento, porém, faz uma importante ressalva: “Alguns dos genes utilizados para fabricar alimentos geneticamente modificados nunca estiveram presentes na cadeia alimentar e sua introdução pode causar mudanças significativas na constituição genética existente nos cultivos.”

E continua: “Em virtude desta constatação, os possíveis efeitos dos OGMs à saúde humana devem sempre ser avaliados antes de esses produtos serem cultivados e comercializados. Além disso, é imprescindível um acompanhamento a longo prazo, de modo que seja possível detectar, o quanto antes, qualquer efeito adverso.”

A organização estabelece que se realizem avaliações de risco para cada novo alimento geneticamente modificado no que diz respeito aos seus efeitos à saúde, à cadeia alimentar e ao meio ambiente, no lugar de simples endossamentos emitidos por governos sobre o uso da tecnologia para criar novos tipos de cultivos e animais.

A OMS diz ainda que as avaliações de risco pré-comerciais foram realizadas em todos os alimentos geneticamente modificados que estão sendo comercializados atualmente, porém é fundamental que fique claro que essas informações são baseadas nos dados fornecidos pelas próprias empresas. Vale destacar também que estes estudos são voluntários nos EUA.

A organização é cautelosa ao afirmar que, até agora, o consumo de alimentos transgênicos não causou nenhum efeito negativo, conhecido, à saúde. Atualmente, avaliações de OGMs se concentram nas áreas de agroecologia e agricultura e em possíveis efeitos à saúde. A OMS recomenda, entretanto, que estas mesmas avaliações deveriam ser ampliadas para incluir considerações no que diz respeito a aspectos sociais, culturais e éticos, para ajudar a prevenir o que a organização chama de “divisão genética” entre grupos de países que permitem e que não permitem o cultivo e a comercialização de organismos geneticamente modificados.

“Cada país apresenta condições sócio-econômicas distintas, as pessoas têm hábitos alimentares diferenciados, além do fato de que, em cada sociedade a comida possui um significado diferente”, conclui o documento.

Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos
Boletim Número 259 - 01 de julho de 2005

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