Via Campesina inicia o debate sobre a diversidade de gênero e orientação sexual

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Pela primeira vez na história da Via Campesina, sujeitos LGBTI* debatem aberta e internacionalmente sobre a diversidade de gênero e orientação sexual.

Pela primeira vez na história da Via Campesina, xs sujetxs LGBTI* [i] e apoiadores debatem aberta e internacionalmente sobre a diversidade de gênero e orientação sexual. O debate aconteceu num espaço paralelo autogestionado no contexto da VII Conferência Internacional do movimento, realizado no mês de julho passado em Derio, País Basco.

Cerca de 50 pessoas de organizações membros da Via Campesina e aliados, representantes de todos os continentes, reuniram-se com o mesmo sentimento. Em um espaço aberto, começaram o debate e a troca de ideias sobre como criar e incluir em espaços futuros a questão da diversidade sexual e de gênero, um tema que é importante para o movimento camponês e as zonas rurais em todo o mundo.

"Esta é uma realidade e nós como Via Campesina, não devemos fechar os olhos para isso. Muitas pessoas no campo são assassinadas por ter uma orientação sexual diferente [ao modelo heterodominante]. Precisamos incluir em nossas discussões e tomar uma posição política em apoio dxs companheirxs LGBTI*”, disse umx participante da reunião.

Aqueles que participaram da reunião foram informados de que, embora não seja oficial o poder de incluir na agenda política e estratégias da Via Campesina, tem havido vários avanços sobre esta questão. Como foi assinalado, pela primeira vez numa conferência da Via Campesina, o formulário de inscrição permitiu que xs delegadxs declarassem abertamente seu gênero ou identidade sexual. "Pode parecer insignificante, mas representa um avanço e tem sido incrível ver as pessoas expressam seu sexo diferente", disse x participante.

Xs presentes na reunião compartilharam suas ideias sobre como elxs devem começar este debate para a inclusão da questão em futuros espaços e debates políticos dentro da Via Campesina e aliados, reconhecendo que isso pode não ser um debate fácil em todas as regiões.

Algumas organizações membros da Via Campesina, como o MST, o Sindicato Labrego Galego (SLG), e a Coordenação Europeia Via Campesina, já tem iniciado este debate em suas estruturas.

No caso do MST, isso inclui a produção de materiais didáticos para a educação e reflexão dentro do Movimento. A cartilha de formação LGBT do MST afirma que "a questão da diversidade sexual e o processo de auto-organização do nosso ativismo LGBT é uma parte fundamental de nosso projeto de emancipação".

Xs sujetxs LGBTI*s de diferentes regiões também organizaram a exposição de uma tenda durante a VII Conferência. Apresentaram ali materiais e publicações nos níveis local e regional, bem como imagens de ações já realizadas. Ao longo da conferencia, sujeitxs LGBTI*s e apoiadores levaram de forma visível um cartaz de campesinxs nas cores do arco-íris, símbolo da diversidade sexual e de gênero. Também na marcha do dia 23 em Bilbao, foram muitxs xs participantes da conferência que pintaram os rostos com as cores do arco-íris.

Mesmo que não oficialmente, a VII Conferência da Via Campesina permitiu que xs sujetxs LGBTI*s alcançassem importantes avanços para articular e começar um processo de visibilidade. Ao final, na Declaração de Euskal Herria (leia aqui), a Via Campesina afirma seu compromisso de "aumentar a sua capacidade de compreender e criar ambientes positivos em torno ao gênero" e reconhece que "um campo diversificado, não violento e inclusivo é fundamental" para o movimento.

[i] LGBTI é uma sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, transexuais e Intersex. O * refere-se a todas as outras sexualidades e gêneros possíveis e eles não se sentem inclusas em um dos termos acima.

- Traduzido por Maria Julia Gimenz.

- Editado por Rafael Soriano.

Fonte: Vía Campesina

Temas: Feminismo y luchas de las Mujeres, Movimientos campesinos

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