Brasil: agricultores protestam contra construção de usinas no Rio Grande do Sul

Idioma Portugués
País Brasil

Mais de 500 famílias de agricultores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, atingidos pela construção de barragens no rio Uruguai, participaram ontem de manifestação no município gaúcho de Nonoai, na divisa entre os dois estados

O protesto é contra a construção das usinas hidrelétricas de Foz do Chapecó, Monjolinho, Itapiranga e Campos Novos.

De acordo com um dos coordenadores do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Rio Grande do Sul, Ivonei da Luz, o objetivo é sensibilizar o governo federal e, em especial, o consórcio energético Foz do Chapecó, para a solução de questões sociais e ambientais decorrentes da instalação das hidrelétricas na região.

Ivonei disse que o movimento quer respostas principalmente do consórcio da UHE Foz do Chapecó, formado pelas empresas Camargo Corrêa, Votorantim e Companhia Paulista de Força e Luz. "Sozinha, essa usina vai atingir 3,5 mil famílias de 15 municípios da região norte gaúcha e do noroeste catarinense, numa média de 15 mil pessoas", afirmou.

Segundo Ivonei, o movimento quer o cancelamento das obras da UHE Foz do Chapecó, "que já recebeu as licenças ambiental e de instalação, podendo começar as operações a qualquer momento", porque o consórcio não cumpriu as condições estabelecidas, como reparações aos atingidos dos prejuízos causados, apresentar terras, crédito e moradia. Ele disse que os atingidos por barragens são pequenos agricultores que plantam milho, feijão e fumo para a sobrevivência.

O empreendimento deverá gerar 845 megawatts de energia elétrica e poderá criar 2,5 mil empregos, mas sem beneficiar os atingidos, "que são apenas camponeses". Ele destacou que a diminuição das tarifas de energia, o fim das privatizações e a defesa do meio ambiente, também estão entre as reivindicações do movimento.

Ivonei da Luz, de 22 anos, é um dos agricultores que terão a família (pai, mãe e irmãos) atingida pela barragem de Foz do Chapecó. "A gente fica muito triste por ter que abandonar nossa casa e nossa propriedade, deixando tudo para trás em busca de novas terras, sendo muitas vezes taxados de vagabundos por ficarmos em barracas nos acampamentos", desabafou o agricultor. Ele afirmou que está no acampamento "por uma causa justa".

Os atingidos por barragens, que estão esperando o resultado da discussão do problema - hoje, no Ministério de Minas e Energia, em Brasília - vão manter o acampamento no canteiro de obras da barragem até amanhã (24). O protesto começou ontem (22), com um bloqueio das rodovias RST-480 e RS-406.

Também participam da manifestação os movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA) e dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST). A Polícia Rodoviária do Rio Grande do Sul está fazendo o monitoramento do local.

Ambiente Brasil, Internet, 23-11-05

Comentarios