Brasil: jornada de agroecologia aprova moção de apoio ao Governo no caso da Syngenta

Idioma Portugués
País Brasil

Os 5 mil participantes da 6.ª Jornada de Agroecologia, realizada no campus da Unioeste, em Cascavel, aprovaram nesta sexta-feira (13), durante plenária com a presença do governador Roberto Requião, a moção de apoio ao Governo do Estado pela desapropriação da Fazenda Syngenta, no município de Santa Tereza do Oeste

Eles afirmam que a multinacional incorreu em crime ao realizar “experimentos ilegais” em sua fazenda, que fica em área de proteção ecológica do Parque Nacional do Iguaçu, além de disseminar para o consumo humano variedades de milho geneticamente modificado ainda não autorizadas.

“Além do crime ambiental cometido na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, a Syngenta foi responsável pelo maior caso de contaminação genética do mundo, disseminando para o consumo humano variedades de milho ainda não autorizadas. A contaminação genética, inclusive através de campos experimentais ilegais, é uma das principais estratégias das transnacionais de biotecnologia para introduzir criminosamente os transgênicos”, diz a moção.

Os participantes da jornada consideram a desapropriação necessária para a preservação do parque nacional e é “uma punição justa pelo desrespeito da Syngenta com a legislação brasileira. A atitude do Governo do Estado é um exemplo para governantes e para a sociedade de todo o mundo”. A moção foi aprovada por aclamação.

Requião explicou que a Syngenta, ao ver os transgênicos proibidos pela União Européia e até na Suíça, país sede da multinacional, viu no Brasil a possibilidade de continuar seus experimentos. “A Suíça é nação defendendo o monopólio de sua semente, a liberdade de seus agricultores e consagrando o princípio da precaução. Ninguém sabe aonde vai dar o consumo maciço de transgênicos. A Syngenta se instala aqui e faz aquilo que, se fizesse na Suíça, levaria todos os seus diretores para a cadeia. Mas aqui é a terra da liberalidade, do judiciário compassivo”.

O governador contou que recebeu, em seu gabinete, o embaixador da Suíça, que lhe revelou que havia dentro da Syngenta uma disputa muito grande, que começou depois da derrota dos transgênicos no plebiscito realizado por aquele país. “Um dos maiores acionista da empresa não queria mais saber de transgenia e o embaixador me propôs transformar a fazenda da Syngenta numa escola de agroecologia. A idéia era limpar a imagem de predadora da empresa”, contou Requião. Ele disse que aprovou a idéia, porque já tinha desapropriado a área. “Mas o Judiciário cancelou o meu decreto e um juiz de Cascavel determina a reintegração de posse para a Syngenta, impondo inicialmente multa de R$ 40 mil para o governador”, finalizou.

A 6.ª Jornada de Ecologia também contou com a presença do secretário da Agricultura, Valter Bianchini, do prefeito de Cascavel, Lisias Thomé, do secretário chefe da Casa Militar, tenente-coronel Anselmo de Oliveira, do coordenador da Jornada, Roberto Baggio, dos deputados Tadeu Veneri e Elton Welter, do arcebispo de São José dos Pinhais, dom Ladislau Biernaski, do reitor da Unioeste, Alcebíades Luiz Orlando, do diretor de relações institucionais e comunitária da Cohapar, João José de Arruda Junior, do superintendente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, do diretor da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich, e do presidente da Câmara de Cascavel, Julio César Leme.

Agência Estadual de Notícias, Brasil, 16-07-07

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