Brasil: soja do Paraná renderá mais que transgênica do RS

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País Brasil

A soja convencional do Paraná terá uma produtividade 59% superior a soja transgênica gaúcha. A produtividade média da soja paranaense será de 3.032 quilos por hectare contra 1.901 quilos por hectare da soja transgênica produzida no Rio Grande do Sul

A Secretaria de Agricultura do Paraná projeta para a próxima safra uma área plantada de 4 milhões de hectares. Embora com redução de 2,7% na área plantada na safra 2004/05, a produção paranaense de soja poderá ter um novo recorde, com 12,13 milhões de toneladas do produto.

Técnicos da Emater/RS-Ascar estão prevendo que a soja gaúcha terá produtividade média de 1.901 quilos por hectare, levando o Rio Grande do Sul obter produção total de 7.644.627 toneladas para uma área plantada de cerca de 4 milhões de hectares.

Fragilidade

"O glifosato dá a falsa sensação de que pode tudo, mas não pode não. A soja transgênica não dispensa o manejo de ervas daninhas resistentes e tolerantes e o acompanhamento profissional adequado", alerta Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, que avaliou em seu doutorado o impacto do glifosato nos sistemas agrícolas.

"As vantagens advindas da praticidade e eficiência em controlar plantas daninhas e o baixo custo do controle na soja RR, gradativamente, estão sendo perdidas devida a equívocos de controle adotados, podendo reduzir o tempo de permanência dessa tecnologia no campo", conclui.

Mário Antônio Bianquil, pesquisador da Fundação Centro de Pesquisa Fecotrigo (Fundacep), a partir dos levantamentos realizados junto aos departamentos técnicos de 24 cooperativas agrícolas do nordeste do Rio Grande do Sul, na safra 2003/04.

Perdas

Bianquil relata vários casos de usos inadequados da tecnologia que geraram perdas de aproximadamente seis sacas de soja por hectare. Ele explica que a economia gerada pela adoção da soja RR foi transferida para a aquisição de fungicidas, inseticidas e de produtos sem resultados comprovados na cultura como, por exemplo, os adubos folhares, resultando numa pequena alteração do custo final de produção e da rentabilidade da cultura RR em relação à convencional.

Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, destaca que "o uso da soja transgênica foi motivado pelos problemas que surgiram com a soja convencional. Alguns agricultores enfrentaram a infestação de pragas em suas culturas por usarem inadequadamente herbicidas e não realizarem as práticas de manejo necessárias. Ervas como o leiteiro, picão-preto e amedoim-bravo tornaram-se resistentes aos herbicidas que inibiam a enzima ALS relacionada ao processo de crescimento das plantas - e passaram a exigir a utilização de herbicidas com mecanismos de ação diferentes para seu controle efetivo".

Resistência

O pesquisador afirma que "o surgimento de plantas resistentes ao glifosato acontece porque o herbicida não elimina todos os indivíduos de certas espécies, apenas os mais suscetíveis. Gradativamente os mais resistentes são selecionados e surgem as chamadas "super-ervas daninhas", de difícil controle. Já existem casos conhecidos nacional e internacionalmente de resistência ao glifosato, como acontece com a buva, o capim-pé-de-galinha e o azevém.

"A resistência é um problema potencial e precisamos nos preocupar com ele, mas também temos que estar atentos para as ervas daninhas tolerantes", ressalta Gazziero, referindo-se às plantas que não morrem pela ação do herbicida da Monsanto. A trapoeraba, por exemplo, muito comum em todo o Brasil e que infesta mais de 80% das propriedades com plantio de soja, não é eliminada pelo glifosato.

Agrolink, Internet, 23-9-05

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