Brasil: transgênicos: manifestantes quebram porta de ministério

Grupo formado pelo MST e outras entidades pediu renúncia de Roberto Rodrigues

BRASÍLIA - Representantes de movimentos contrários aos transgênicos fizeram ontem uma manifestação na Esplanada e quebraram uma das portas de vidro do Ministério da Agricultura. Distribuíram também um texto intitulado "Manifesto ao governo Lula e à sociedade brasileira", no qual afirmam que "até agora o processo de discussão sobre o tema tem sido antiético, antidemocrático e sem transparência, pois apenas os interesses das multinacionais e das forças conservadoras vêm sendo considerados".

Do carro de som, manifestantes gritavam que alimento transgênico é veneno e pediam a demissão do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "Quem está por trás da liberação dos transgênicos é o ministro, que representa os interesses dos grandes fazendeiros neste governo", afirmou o coordenador do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Paulo Rodrigues.

Participaram do ato representantes do MST, da Federação dos Trabalhadores de Agricultura Familiar (Fetraf), do Movimento dos Pequenos Agricultores, do Movimento dos Atingidos por Barragens, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Confederação Nacional de Agricultura (Contag), do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), da CUT Nacional e da Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos, entre outros.

Ibama - Ontem pela manhã, a cerimônia de lançamento do Atlas de Recifes de Coral nas Unidades de Conservação Brasileiras, realizada no Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), também transformou-se em um ato de protesto contra a liberação dos transgênicos.

Entidades envolvidas na Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos abriram uma faixa com o slogan "Presidente, ouça a voz da precaução!", logo abaixo da mesa onde a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, estava sentada. Na saída do evento, cercada por jornalistas que lhe perguntaram se deixaria o cargo caso os transgênicos fossem liberados no País, Marina respondeu que "essa questão não está posta". E acrescentou: "O tempo todo nos colocamos na perspectiva de contribuir com o governo para chegar ao melhor resultado possível." (F. S. e S. S.)

O Estado de S. Paulo, Brasil, 24-9-03

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