Você sabia que o agronegócio é uma forma de produzir mercadorias agrícolas que só funciona com uso de muitos agrotóxicos?

Idioma Portugués
País Brasil

"O agronegócio utiliza largas extensões de terras, os latifúndios, para plantar uma mesma espécie – normalmente soja, milho, algodão, eucalipto ou cana-de-açúcar. Dessa maneira, o agronegócio destrói a biodiversidade e desequilibra o ambiente natural, facilitando o surgimento de plantas, insetos ou fungos que podem destruir a plantação. Por isso, é uma agricultura dependente química: só funciona com muito veneno."

Você sabia que o agronegócio é uma forma de produzir mercadorias agrícolas que só funciona com uso de muitos agrotóxicos?

 

O agronegócio utiliza largas extensões de terras, os latifúndios, para plantar uma mesma espécie – normalmente soja, milho, algodão, eucalipto ou cana-de-açúcar. Dessa maneira, o agronegócio destrói a biodiversidade e desequilibra o ambiente natural, facilitando o surgimento de plantas, insetos ou fungos que podem destruir a plantação. Por isso, é uma agricultura dependente química: só funciona com muito veneno. O agronegócio também utiliza maquinário pesado, que compacta o solo, e não gera empregos, favorecendo assim o êxodo rural.

 

 

Você sabia que só a agricultura familiar camponesa pode produzir alimentos sem utilizar venenos, sementes transgênicas e fertilizantes sintéticos?

 

As camponesas e camponeses do Brasil são aqueles que botam comida na nossa mesa. E somente elas e eles podem praticar a agroecologia. Agroecologia é um jeito de organizar a produção agrícola e a vida no campo em harmonia com a Natureza. Na agroecologia, se produzem diversos tipos de alimentos numa mesma área, fortalecendo assim a biodiversidade e deixando a natureza equilibrada. Desta forma, não é necessário usar agrotóxicos, nem fertilizantes sintéticos, e muito menos sementes transgênicas. A agroecologia também melhora a vida no campo e impede o êxodo rural.

 

 

Você sabia que as sementes transgênicas levam ao uso de mais agrotóxicos?

 

As sementes geneticamente modificadas usadas no Brasil – de soja, milho e algodão – possuem dois tipos: aquelas em que a planta é modificada para aguentar mais agrotóxicos sem morrer, e aquelas em que a planta já possui o agrotóxico dentro de si. No dois casos o resultado é o mesmo: mais veneno na nossa mesa. Além disso, não existem estudos de longo prazo para garantir que os transgênicos são seguros para nossa saúde e para o meio-ambiente. Assim, o melhor a fazer é recusar alimentos que apresentam o símbolo dos transgênicos e preferir aqueles produzidos pela agricultura familiar camponesa.

 

 

Você sabia que apenas seis empresas estrangeiras lucram fornecendo insumos para o agronegócio brasileiro? E que apenas 4 empresas, também estrangeiras, lucram com a cadeia da exportação?

 

Quando o agronegócio brasileiro diz, orgulhosamente, que produz grande parte do PIB brasileiro, uma informação está escondida. Quem realmente lucra nessa história está bem longe do Brasil: Bayer, Basf, Monsanto, Dow, Dupont e Syngenta são as empresas estrangeiras que ficam com a maior parte dos lucros do agronegócio brasileiro, pois fornecem agrotóxicos e sementes transgênicas para os fazendeiros. Mas o abuso não para por aí: depois da colheita, acontece o mesmo, com outros atores. As transnacionais Bunge, Cargill, ADM e Dreyfuss levam para fora a renda de toda logística da exportação, da colheita até o embarque nos portos. O agronegócio leva o lucro e a produção para fora, e deixa os agrotóxicos eu câncer “de presente” para o povo brasileiro.

 

 

Você sabia que a bancada ruralista é responsável por aprovar leis e pressionar o governo para que use cada vez mais venenos na agricultura?

 

No legislativo brasileiro, um grupo de deputados e senadores de vários partidos formam a chamada Bancada Ruralista. Kátia Abreu (PMDB/TO), Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Luis Carlos Heinze (PP/RS) são alguns dos expoentes desta bancada. Estes políticos se elegem graças a altíssimas cifras doadas nas campanhas pelas empresas do agronegócio, como a JBS, BRF e Marfrig, e na prática agem como empregados destas empresas dentro do congresso e do senado. Os ruralistas também dominam o Ministério da Agricultura. No ano passado, eles aprovaram uma lei que permite uso de agrotóxico proibidos no Brasil por serem altamente tóxicos, e já conseguiram até demitir funcionários das agências reguladoras de agrotóxicos. Após as eleições de 2014, os ruralistas declararam ter 51% do Congresso Federal. É necessária uma reforma política que decrete o fim das doações eleitorais de empresas para acabar com esta verdadeiras pragas da política brasileira.

 

 

Você sabia que os agrotóxicos, além de prejudicarem a saúde do povo, possuem diversas isenções de impostos no Brasil?

 

Em 2013, o mercado de agrotóxicos movimentou aproximadamente US$11,5 bilhões. Tanto gasto em veneno se reflete diretamente na saúde do povo: pesquisas recentes apontam que, para cada US$1 gasto com agrotóxicos, são gastos U$1,28 para cuidar de casos de intoxicação agudas no SUS. Mesmo assim, no Brasil os agrotóxico têm 60% de isenção do ICMS, e muitos ainda possuem 100% de isenção do IPI, PIS/PASEP e COFINS. Além disso, alguns estados aliviam mais ainda a carga tributária estadual em cima dos venenos. Ou seja: eles nos envenenam, e nós pagamos a conta.

 

 

Você sabia que a pulverização aérea é uma forma criminosa de aplicação de agrotóxicos, pois envenena tudo à sua volta?

 

Diversos estudos científicos e casos de intoxicação humana e contaminação ambiental comprovam que não existem condições onde a pulverização aérea seja considerada segura. Quando se joga agrotóxico de cima de aviões, comunidades rurais, urbanas e até aldeias indígenas também são atingidas. A pulverização aérea requer que sejam utilizadas grandes quantidades de veneno, pois o percentual de perda pode chegar a 88%. Isto mostra que grande parte do que é pulverizado atinge outros alvos que não os desejados, podendo contaminar os rios, os lençóis freáticos e ainda serem carreados para locais mais distantes pelo vento, atingindo diretamente pessoas ou espécies selvagens. Em maio de 2013, uma aeronave agrícola pulverizou agrotóxico sobre uma escola em Rio Verde, Goiás, resultando em diversos casos de intoxicação aguda de trabalhadores e alunos. Em 2009 a Comunidade Europeia publicou uma diretiva onde proíbe a pulverização aérea.

 

 

Você sabia que no Brasil se utiliza legalmente agrotóxicos já proibidos em outros países do mundo?

 

Dos 50 agrotóxicos mais usados no Brasil, 22 são proibidos na União Europeia, segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). O problema é que, ao contrário do remédios, no Brasil o registro dos agrotóxicos não tem validade. Se hoje ele é aprovado e amanhã descobrem efeitos que proibiriam seu uso, fica muito difícil tirar os venenos de circulação. Mesmo assim, em 2008, 14 agrotóxicos entraram em reavaliação, mas apenas 4 foram proibidos. Veja alguns deles que ainda usamos:

 

 

Ingrediente Ativo

 

 

Quantidade usada em 2012*

 

 

Efeitos na saúde**

 

 

Proibido em**

 

 

Abamectina

 

 

141,81

 

 

Toxicidade aguda e suspeita de toxicidade

 

reprodutiva

 

 

Comunidade Europeia

 

 

Acefato

 

 

13080,63

 

 

Neurotoxicidade, suspeita de carcinogenicidade e de toxicidade reprodutiva.

 

 

Comunidade Europeia

 

 

Lactofem

 

 

170,21

 

 

Cancerígeno

 

 

Comunidade Europeia

 

 

Paraquat

 

 

5249,54

 

 

Alta toxicidade aguda e toxicidade.

 

 

Comunidade Europeia

 

 

Parationa metílica

 

 

1.763,44

 

 

Neurotoxicidade, suspeita de desregulação endócrina, mutagenicidade e carcinogenicica

 

 

Comunidade Europeia e China

 

 

Tiram

 

 

295,37

 

 

Mutagenicidade, toxicidade reprodutiva e suspeita de desregulação endócrina.

 

 

EUA

 

 

Fonte: * Ibama 2012 e ** Abrasco, 2012 – Dossiê sobre impactos dos agrotóxicos

Publicado por 13ª Jornada de Agroecologia

Temas: Agrotóxicos

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