Agência Europeia muda regras para incorporar metodologia de Séralini

Por AS-PTA
Idioma Portugués
País Europa

Não existem até o momento protocolos ou diretrizes padronizadas para avaliação dos efeitos crônicos dos transgênicos à saúde, afirmou a Agência Europeia de Segurança dos Alimentos (EFSA) em relatório científico recém-divulgado. Dessa forma, as empresas devem adaptar os modelos existentes para teste de substâncias químicas puras, desde que assim exijam as autoridades competentes, fato raro por aqui.

Diante da lacuna, a EFSA, a pedido da Comissão Europeia, preparou recomendações tendo em vista o estabelecimento de protocolos para o desenho e condução de estudos de toxicidade e de carcinogenicidade de dois anos com roedores.

O gesto da EFSA é nítida e positiva resposta aos resultados encontrados pela equipe francesa que pela primeira vez estudou os efeitos de longo prazo de um milho transgênico sobre à saúde e chegou a resultados alarmantes (ver: O fim da dúvida).

O documento recomenda que a decisão sobre a realização de estudos de longo prazo deve ser caso-a-caso e baseada na avaliação de toda a informação disponível proveniente de análises composicionais e demais estudos nutricionais ou toxicológicos disponíveis. Aqui o relatório deixou a porta aberta para a indústria agarrar-se ao combalido conceito de equivalência substancial, e para reguladores não desinteressados tomarem a ausência de evidência de danos por evidência de ausência.

Algumas das conclusões e das principais recomendações da EFSA chancelam os procedimentos adotados por Séralini e sua equipe, entre eles:

- O conjunto dos dados deve permitir avaliações estatísticas e biológicas sólidas. (Se pedem isso agora é de se presumir que as informações que até hoje basearam as liberações de transgênicos não permitiram tais análises).

- Roedores são os animais experimentais preferenciais e devem ser mantidos em gaiolas em pares do mesmo sexo.

- Para a maioria dos casos é apropriado dividir os grupos em duas dosagens do alimento testado, além do(s) grupo(s) controle(s).

- Os estudos devem incluir um capítulo específico de análise de pressupostos e incertezas.

Um passo e tanto considerando que muitos órgãos reguladores apostam mesmo é na segurança da tecnologia. Basta ver, por exemplo, a nativa CTNBio, que desobrigou as empresas de monitorarem os efeitos dos produtos transgênicos que colocam no mercado, como milho, soja e algodão e seus derivados. No site da mesma encontra-se parecer encomendado por seu presidente com duras críticas aos procedimentos e metodologia adotados por Séralini e sua equipe, os mesmos que a Europa passa agora a recomendar.

Fuente: AS-PTA

Temas: Transgénicos

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