Brasil: 3º Seminário de Plantas Bioativas debate Cuidado com saúde y relações com o meio ambiente em Santa Catarina

Por MPA
Idioma Portugués
País Brasil

Antecipando o Dia Internacional de Luta pela Saúde, 7 de abril, os camponeses, camponesas e sem-terras realizaram no dia 6, o 3º Seminário Municipal de Plantas Bioativas: O cuidado com a saúde e as relações com o meio ambiente em que vivemos.

Com a contribuição do Frei Wilson Zanatta que há anos se dedica ao tema e do Frei Sérgio Görgen que também compõe a coordenação nacional do MPA.

Com caráter regional, o Seminário foi realizado em Dionísio Cerqueira-SC, na fronteira com o Estado do Paraná e a Argentina, reunindo mais de 500 pessoas, entre camponeses e sem-terras, bem como, lideranças e representantes do poder público de 13 municípios e 22 comunidades do interior de Dionísio.

Com a mística das sementes, da terra, águas e das plantas bioativas deu-se início aos trabalhos do dia. Com a participação dos presentes, Frei Zanatta trouxe a importância das plantas medicinais, o cuidado para com a terra, as sementes, a natureza, a água e as plantas, assim, como a importância dos alimentos saudáveis para com a saúde.

Destacando a importâncias das plantas medicinais, seu uso, as receitas e também os cuidados com o manuseio, mas também a cultura, a saúde e a organização.

Parafraseando o pai da medicina na Grécia Antiga, Hipócrates, o Frei afirma: “Que a tua comida seja teu remédio e o teu remédio seja a tua comida”. Destacando ainda o quanto a produção de alimentos saudáveis está diretamente relacionada com a saúde. Segundo Zanatta, “no Brasil a região que mais tem casos de depressão é Santa Cruz no Rio Grande do Sul, por causa da plantação de fumo e o uso de venenos”.

Por sua vez, Frei Sérgio inicia sua apresentação com a frase: “é preciso produzir a nossa própria comida e não depender dos outros para comer”, referindo a atual crise que o país tem passado. “Precisamos daquela cultura que vai garantir um trocos para a família, mas temos que aproveitar os cantos de terra para produzir o feijão, o arroz, a mandioca, o ovo, a galinha. Produzir para nós comer e o quanto mais agroecológico, melhor será para nossa saúde, melhor para nosso bem estar”.

Ele ainda destaca a importância de termos uma alimentação diversificada:

– “Nós os seres humanos somos os seres vivos mais complexos do Universo. Por sermos um ser complexo, não podemos nos alimentar de apenas 2 ou 3 alimentos, quanto mais vegetal cru e sem veneno consumirmos, melhor para nossa saúde, assim como, não podemos abrir mão de nos organizar e lutar, nós também temos o nosso RR, na Roça e nas Ruas, ela é a maior ameaça de todos os tempos.”

Debater sobre saúde e plantas bioativas é fundamental, mas debater sobre o momento político e histórico também é uma questão de saúde. Sendo assim, parte da programação do Seminário foi dedicada para desmistificar alguns fatos que circulam pelos veículos de comunicação de massa. “Dizem que os agricultores e os camponeses são os parasitas da Previdência, precisamos desmanchar essa mentira”, afirma o Frei Sérgio que também é dirigente do MPA.

Explicando como tem sido realizada a contribuição dos camponeses/as e agricultores/as, por meio da Seguridade Social, do COFINS que é Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e a CLL que é a Contribuição sobre o Lucro do Líquido. Todos estas formas estão diretamente relacionadas a produção dos camponeses e agricultores que é comercializada.

Entre um esclarecimento e outro, o dirigente do MPA explica: “Se alguém disser para vocês que o agricultor recebe [aposentadoria] sem contribuir, pede para ele se ele sabe o que é o COFINS ou Seguridade Social, pois é do seu braço e do seu suor que saem essas contribuições. Pois a constituição do agricultor dá-se de forma indireta por meio da sua produção, e não de forma direta ao INSS.

Frei Sérgio destaca ainda a diferença do trabalho desenvolvido pelas mulheres. Explicando como se dará o processo de aposentadoria de viúves, de invalides e os anos de trabalho com contribuição necessários para se aposentar, bem como as condições de trabalho, que o camponeses e agricultores irão ser submetidos caso a Reforma da Previdência proposta por Temer for aprovada.

Segundo ele, “essa reforma da previdência, aposentadoria atinge todos e só a luta salvará o povo deste desastre. Nossa principal ferramenta é essa, mobilização e organização”, falando ainda sobre a Greve de Fome que irá ser realizada em todo país na semana que antecede a votação na Câmara.

Outro fator que chamou muito a atenção dos participantes, gerando inquietação é o fato de que a maior parte dos pequenos municípios virão quebrar, pois ninguém mais irá se aposentar por 10 anos, afetando diretamente o comércio e a vida dos trabalhadores urbanos também.

Frei Sérgio conclui sua apresentação com a seguinte frase: “A coisa mais bonita que já ouvi nas conversas como está, e eu já tenho feitas muitas, foi um aposentado dizer: eu já tenho a minha, mas tenho que pensar nos meus filhos e nos meus netos”, esses são os exemplos de luta finaliza ele.

Está 3ª Edição do Seminário contou ainda com uma Feira de Troca e Partilha e com a Ciranda Infantil. Quem passou pela feira teve acesso a sementes crioulas, plantas e mudas medicinais, produtos e ervas bioativas, tinturas e pomadas, sabonetes, artesanato em argila, poronjo, tecido, chinelos e sacolas pet, bem como, alimentos saudáveis produzidos pelo Campesinato da região, assim como, alguns exemplares de materiais didáticos e livros sobre plantas medicinais com receitas, uso e precauções. Já a Ciranda Infantil contou com a presença de 6 crianças entre 2 a 11 anos de idade, que ficou marcada pela alegria e diversão dos rostinhos pintados e das diversas brincadeiras, afinal é preciso cuidar de todos para que todos na vida aprendam a cuidar.

O 1º Seminário buscou Resgatar a Cultura das Plantas Medicinais Agroecológicas e o 2º Seminário debateu-se sobre a Alimentação Saudável Vida, Saúde e Energia e está 3ª Edição sobre o Cuidado com a saúde e as relações com o meio ambiente em que vivemos. Está última edição, foi organizada pela Epagri – Escritório Municipal de Dionísio Cerqueira, Cresol, Cooperunião do Assentamento Conquista da Fronteira do MST, Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Sintraf, Cooperativa Oestebio e a Paroquia Divino Espirito Santo.

- Fotos por MPA.

Fonte: CLOC - Vía Campesina

Temas: Biodiversidad agrícola, Soberanía alimentaria

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