Brasil: Famílias deixam suas casas com medo do rompimento da barragem de Rejeitos do Projeto Minas – Rio

Por MAM
Idioma Portugués
País Brasil

Na última quarta-feira, 14 de março, famílias que residem no entorno do Projeto Minas-Rio da Anglo American na região de Conceição do Mato Dentro deixaram suas casas com medo do rompimento da barragem de rejeitos.

As comunidades Água Quente, Passa Sete e São José do Jassém foram surpreendidas com o aumento drástico e repentino do volume de água e mudança da coloração dos córregos Passa Sete e São José, que ocorreu durante a noite, deixando-os apavorados. Temendo o que poderia acontecer, moradores pegaram alguns de seus pertences e deixaram suas casas, sem saber se voltariam. O fato ocorreu apenas dois dias após o rompimento do mineroduto da Anglo American em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata Mineira.

“Fizemos uma trouxa de roupa, pegamos os documentos e subimos o morro correndo para a casa dos vizinhos nas partes mais altas. O córrego que vem da barragem subiu muito, tinha anos que isso não acontecia. Ficamos desesperados, não deu nem tempo de escolher o que levar e o que ficaria para ser levado pela lama... Eu não consigo mais dormir aqui” conta Darcília, que mora na comunidade Passa Sete, a menos de 2km da barragem.

Os moradores das comunidades à jusante da barragem de rejeitos disseram que não foram informados pela empresa sobre qualquer alteração que poderia acontecer na barragem ou nos córregos. “Com o que aconteceu em Mariana e sabendo que há falhas no projeto da Anglo American, como aconteceu com o mineroduto em Santo Antônio do Grama, não há como confiar nessa barragem e nem na empresa. Estamos vendo nossas vidas acabarem a cada dia que passa”, relata Elizete Pires, da comunidade Passa Sete.

A Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais concedeu no dia 26 de janeiro de 2018 a Licença Previa (LP) concomitante à Licença de Instalação (LI) para a chamada “Etapa 3” do Projeto Minas-Rio. Nesta fase de expansão do empreendimento estão previstos o aumento da produção, da cava e dois alteamentos da barragem de rejeitos, que chegará a um volume 7 vezes maior que a barragem de Fundão da Samarco/Vale/BHP Billiton que rompeu em Mariana.

As obras da “Etapa 3” estão previstas para começar já no mês de março, e apesar desta pressa nem a empresa Anglo American ou o Estado de MG tem previsão ou critérios estabelecidos para o reassentamento das famílias que estão logo à jusante da barragem, na área de auto salvamento. Estas graves incertezas tem aumentado o sofrimento, angustia e casos de adoecimento dos moradores das comunidades.

Diante disso, o MAM reafirma que é inaceitável que as obras da Etapa 3 se iniciem sem o reassentamento das comunidades Passa Sete, Água Quente e São José do Jassém, que estão na área de auto salvamento da barragem, e sem a reparação de todo os danos causados às famílias que estão sofrendo os impactos do Projeto Minas-Rio. Não aceitaremos que outras vidas e comunidades sejam soterradas e destruídas pela ganância do capital mineral.

Por um país Soberano e Sério,
Contra o Saque dos Nossos Minérios!

Fonte: Movimento pela Soberania Popular na Mineracão (MAM)

Temas: Minería, Tierra, territorio y bienes comunes

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