Brasil: Nagib Nassar reafirma os riscos do algodão Bt, trangênico

Idioma Portugués
País Brasil

O professor de Genética da UnB reitera que o plantio do algodão Bt ‘foi autorizado sem ter havido um estudo válido e confiável sobre seu impacto ambiental no Brasil’

Carta de Nagib Nassar publicada no ‘Painel do Leitor’ da ‘Folha de SP’:

‘Com a publicação da decisão da CTNBio de liberar o plantio e a comercialização do algodão Bt no país, ficou claro que até mesmo os defensores do algodão Bt admitem que há riscos para o ambiente.

Refiro-me ao fato de áreas do Nordeste e da Amazônia terem sido classificadas como áreas de exclusão.

A decisão definiu que o algodão Bt não pode ser cultivado nessas áreas, pois há o risco de polinização de espécies nativas e de surgir ervas-monstro resistentes a insetos e a pragas.

Há mais: na época da colheita, os algodoeiros terão de ser retirados até a raiz porque, no solo, a toxina Bt é altamente destruidora, mistura-se com facilidade à argila e age contra microorganismos, impedindo a decomposição da matéria orgânica.

O plantio foi autorizado sem ter havido um estudo válido e confiável sobre o seu impacto ambiental no Brasil.

Na Índia, estudos mostraram que o algodão Bt produziu menos frutas por planta, exibiu menos tolerância às condições adversas e apresentou um notável e maior número de insetos sugadores.

Os mais preocupantes são os aspectos da segurança nacional, pois os agricultores brasileiros não terão suas próprias sementes asseguradas para plantio nas futuras safras.

A famosa multinacional proíbe os agricultores de armazenar as sementes para uso no próximo ano.’
(Folha de SP, Painel do Leitor, 27/3)

Apoio ao ponto de vista de Nagib Nassar

Carta de Milton Krieger, de Piracicaba, SP, publicada no ‘Painel do Leitor’ da ‘Folha de SP’:

‘Gostaria de cumprimentar o professor Nagib Nassar (‘Painel do Leitor’, 27/ 3) pela crítica à irresponsabilidade da CTNBio na liberação do algodão BT da Monsanto.

E gostaria de destacar dois pontos que reforçam ainda mais seus argumentos:

1) É incorreto considerar o cerrado como área livre de algodão nativo brasileiro, como fez a CTNBIo. Na verdade, está-se permitindo o cultivo do algodão transgênico na área onde interessa que ele seja plantado;

2) Em relação à contaminação do solo, o procedimento recomendado pela CTNBio não passa de um paliativo, pois, ao arrancar uma planta do solo, a parte da raiz que sai é o seu eixo principal.

As suas ramificações e os milhares de filamentos capilares ficam no solo. O homem simples do campo sabe dessas coisas, apesar do discurso arrogante e elitista da CTNBio de que só eles entendem desses assuntos.’ (Folha de SP, Painel do Leitor, 29/3)

Fuente: Jornal da Ciência e-mail 2735, de 29 de Março de 2005.

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