Carta do Painel de Ciência Independente: o governo brasileiro debe parar o plantio de transgênicos

Esta semana a Dra. Mae-Wan Ho, diretora do Institute for Science in Society, sediado em Londres, encaminhou uma carta em nome dos cientistas do Painel de Ciência Independente (ISP, na sigla em inglês) ao senhor José Maurício Bustani, embaixador do Brasil no Reino Unido e Irlanda do Norte, enfatizando a necessidade de o governo brasileiro tomar medidas para parar o plantio de soja transgênica e de qualquer outro cultivo geneticamente modificado

Car@s Amig@s,

Ho destaca que a soja brasileira é exportada principalmente para Europa e China para ração animal e que a preocupação com a segurança dos produtos transgênicos só faz crescer a rejeição a esses produtos, não só na Europa, como em várias outras partes do mundo. O ISP foi lançado em 2003 e conta com renomados cientistas de 11 países de diferentes especialidades nos campos da saúde, medicina e agricultura. Infelizmente não estamos representados nesse importante movimento de debate científico por uma ciência voltada para o bem comum, mas certamente não por faltarem em nosso país excelentes quadros no meio acadêmico que poderiam se unir ao Painel (fica aqui a proposta; mais sobre o ISP em Indsp).

A seguir, reproduzimos alguns trechos da carta, cuja íntegra, em inglês, está disponível no i-sis.org.

(...) "As principais conclusões do relatório do ISP sobre cultivos transgênicos, todas fundamentados em pesquisas científicas (citadas na carta original), indicam que:

- Os processos de decisão sobre liberações comercias de cultivos e produtos transgênicos são altamente inadequados.
- Não há um único estudo científico independente e confiável mostrando que o consumo de alimentos transgênicos é seguro.
- As variedaes transgênicas são instáveis, e isso pode aumentar o risco de dispersão horizontal de genes com o potencial de criar novos vírus e bactérias patogênicos.
- Muitas plantas transgênicas contêm elementos conhecidos por serem prejudiciais à saúde, por exemplo, o potencial alergênico das proteínas Bt incorporadas a plantas modificadas para controlar insetos.
- Os cultivos resistentes a herbicidas [como a soja] representam 75% dos transgênicos cultivados no mundo. O uso de herbicidas tem crescido e os produtos usados [como o Roundup] estão ligados a abortos espontâneos, defeitos de nascença, impactos sobre a fauna silvestre e organismos benéficos do solo.
- Os cultivos transgênicos não têm trazido benefícios ao meio ambiente. O uso de agrotóxicos não diminuiu, enquanto cresce o número de plantas invasoras resistentes a herbicidas que demandam a aplicação de produtos mais tóxicos. (...)

Um estudo de 2002 publicado na BMC Structural Biology mostrou que 22 de 33 proteínas transgênicas comportam 6 ou 7 aminoácidos idênticos a alergênicos conhecidos. Isso inclui todas as toxinas Bt [usadas no algodão e no milho], a que confere resistência ao glifosato [caso da soja] e a usada para tornar o mamão resistente ao vírus da mancha anelar [pesquisado pela Embrapa]. Uma outra pesquisa publicada em 2004 na BMC Bioinformatics confirmou esses resultados e destacou a inadequação dos atuais métodos de avaliação do potencial alergênico de proteínas novas à cadeia alimentar (...).

Pedimos que o senhor escreva urgentemente uma carta ao presidente Lula sugerindo que ele reverta a decisão que permitiu o cultivo de soja transgênica no Brasil. Além disso, todos os esforços deveriam ser feitos para se reflorestar as áreas desmatadas para plantio da soja e para apoiar sistemas agrícolas sustentáveis e diversificados que provenham alimentos seguros à sociedade".

Você pode enviar uma mensagem ao embaixador Bustani apoiando as reivindicações dessa carta pelo correio eletrônico ku.gro.lizarb@ofni.

Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
Boletim Número 266 - 19 de agosto de 2005
E-mail: rb.gro.atpsa@socinegsnartedervil

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