João Pedro Stédile: “Em tempos de mudança o que decide os rumos é a organização do povo”

Idioma Portugués

Estamos diante de uma crise estrutural no sistema capitalista e de um avanço massivo do imperialismo em nossos territórios no mundo. Agora, mais do que nunca, é preciso romper as fronteiras para barrarmos esse avanço.

Para isso é fundamental que a juventude estabeleça uma frente de resitência. Conhecer nosso inimigo, seus aliados e seus pontos estruturais são importantes para nossa luta. O primeiro passo para este enfrentamento é fazer uma leitura coletiva sobre a situação política mundial.

Essas reflexões nortearam os debates durante uma analise do atual cenário político realizada por João Pedro Stédile, da direção nacional do MST, no 1º Festival Internacional da Utopia, em Maricá (RJ).

Ele diz ainda, que “em tempos de mudança o que vai decidir os rumos é a capacidade do povo se organizar, e isso fundamentalmente depende da juventude”.

Compreendendo a ofensiva conservadora e neoliberal Stédile acredita que não podemos perder de vista que o capital divide os países em três categorias: os fornecedores de matérias-prima, de mão de obra e os que detém a economia e o lucro. “Por isso, quando há alguma crise nesse sistema não só os países imperialistas sofrem as consequências, mas todos os que lutam contra o capitalismo”.

América Latina:

Nos países sul americanos, se esboçaram algumas frentes de resistência, como os projetos neodesenvolvimentistas, aplicados no Brasil e no Uruguai.

Na Bolívia, um exemplo claro dessa postura mais rígida, se construiu durante o governo de Hugo Chávez, com a integração continental e antiimperialista proposta pela Alba. Atualmente, ambos os projetos estão estagnados; Governos foram derrotados, com um forte contra-ataque da extrema direita e até mesmo golpes de estado, como está acontecendo no Brasil. Com a morte de Chávez, o modelo integracionista bolivariano, perdeu sua força motora e o investimento do projeto foi drasticamente afetado pela queda no preço do petróleo.

Oriente Médio:

A crise pela qual passa o Oriente Médio, também é um reflexo da ruptura do capital.

As guerras protagonizadas pelo Estados Unidos da América, tanto no Iraque quanto no Afeganistão e na Síria, funcionaram, entre outras coisas, como uma forma de impulsionar a economia. Como consequência da desestabilidade desses países; a migração.

Essa movimentação dos povos, também atua como uma forma de ataque aos territórios antimperialistas, como a Rússia e a Ásia. É o que avalia Tariq Ali.

Para o escritor é tempo de acreditar: “É preciso ter esperança e a diferença entre esperança e desespero é que se você desistir da sua esperança você se tornara passivo. A esperança estimula a pessoa a não desistir mesmo quando derrotados, o desespero estimula o movimento de populações, como vemos agora na Síria”.

Novos rumos:

Diante desse cenário, a tática essencial para resitência e luta é a união dos povos. Não é possível pensar na libertação da sociedade sem pensar na quebra de todas as fronteiras que nos separam, afima a ativista Aleida Guevara.

Frente a hegenomia das imprensas burguesas (nacionais e internacionais), que manipulam todas as informações, só saberemos dos enfrentamentos se andarmos lado a lado. “Devemos nos solidarizar com a luta de nossas irmãs e irmãos para a construção de um novo projeto de sociedade”, ressalta.

“Seremos animais de carga ou estrela que ilumina e constrói o mundo que queremos?Não durmam é preciso fazer muito ainda pela frente”, concluiu Guevara.

- Fotos por Gerardo.

Fonte: ALAI

Temas: Crisis capitalista / Alternativas de los pueblos

Comentarios