Conflitos no Campo Brasil 2015 - Informe da Comissão Pastoral da Terra

Por CPT
Idioma Portugués
País Brasil

"Pela primeira vez, Conflitos no Campo Brasil traz o quadro dos projetos que tramitam no Congresso Nacional que visam a desconstrução dos direitos dos povos do campo. E este clima de crise política, artificial e interessadamente mantido, propiciou que a violência no campo se mantivesse e se ampliasse. Em 2015, 50 pessoas foram assassinadas no campo, o maior número de vítimas desde 2004, e 39% a mais do que em 2014, quando foram registrados 36 assassinatos."

2015 passou. Um ano pesado, tenso, violento. Ano que acabou mergulhado, literalmente, num mar de lama, pelo rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, cujos acionistas principais são BHP (mineradora anglo-australiana) e a Vale. A avalanche de lama matou 19 pessoas, destruiu todo o povoado de Bento Rodrigues, e foi destruindo tudo o que encontrou pela frente, casas, pomares, pastagens, roças, afetando barbaramente a vida de dezenas de comunidades que viviam às margens do Rio Doce, e dele sobreviviam. A lama tóxica tornou a água imprópria para o consumo humano, afetando o abastecimento de cidades situadas à margem do rio que foi doce. Sobretudo por essa catástrofe, é que o estado de Minas Gerais acabou concentrando 40% dos conflitos pela água, 54 ocorrências de um total de 135. Número este o mais elevado desde que a CPT iniciou o registro em separado dos conflitos pela água, em 2002. Mas, como disse nota da CPT emitida no final do ano, “tão ou mais grave que o mar de lama da Samarco em Mariana, Minas Gerais, é o mar de lama que escorre do mundo da política. Pois enquanto a lama da Samarco afeta a bacia do Rio Doce, a que escorre do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e de gabinetes de Brasília e dos estados, afetam sonhos e esperanças de toda nação brasileira, sobretudo dos mais pobres”.

 

A grave crise econômica e, sobretudo, a não menos grave crise política que o Brasil viveu em 2015, deixaram claro que os interesses corporativos e partidários se sobrepuseram aos interesses do país e de seu povo. Uma avalanche de insinuações, acusações, denúncias deixou o governo encurralado, sem ação, refém de conchavos e ameaças. E como muito bem afirmou Mitidiero nesta publicação, “esse momento de crise política profunda serviu como uma fenda bem larga para avançar ao máximo em conquistas institucionais e legislativas em favor dos seus interesses (dos ruralistas) sendo parte desses interesses a destruição, relativização ou relaxamento de leis que garantem a realização da reforma agrária, da decretação de Terras Indígenas e de territórios quilombolas e da legislação trabalhista, engolindo todos os antagonismos de classe em favor apenas de uma das classes, a dos proprietários de terra, os ruralistas”.

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Temas: Criminalización de la protesta social / Derechos humanos

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