Brasil: Lagoas que abastecem de peixes o Rio São Francisco em Minas estão destruídas

Idioma Portugués
País Brasil

De 38 berçários naturais de várias espécies de peixes nativos do rio São Francisco, apenas cinco estão preservados no Centro-Oeste de Minas.

A reportagem é publicada no portal da Comissão Pastoral da Terra - CPT, 05-01-2015.

Parecer técnico do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que 33 lagoas estão em processo avançado de destruição pela monocultura da cana-de-açúcar. Diante do cenário catastrófico para o meio ambiente, a 1ª Promotoria de Justiça de Lagoa da Prata finaliza proposta de recuperação desses mananciais.

A análise do Ibama foi feita em municípios na região do Alto São Francisco, em 35 lagoas marginais ao rio e três em afluentes. “A maioria foi esvaziada para plantar cana, outras foram represadas”, afirma a bióloga do Núcleo de Ecossistemas Aquáticos do órgão federal, Beatriz Boschi. “De algumas lagoas restam pequenas, descontínuas e teimosas poças d’água rodeadas por infinitas curvas de nível”, destaca trecho do parecer do instituto após vistorias requisitadas pelo promotor Eduardo Almeida em 2011, 2014 e 2015.

Segundo a bióloga, o estudo do Ministério Público Estadual (MPE), elaborado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), apontará o que fazer para que as lagoas voltem a cumprir a função no ecossistema. A falta de recursos, no entanto, é um grande obstáculo.

A expectativa é a de que o MPE possa solucionar esse impasse junto aos proprietários dos terrenos onde estão as lagoas, por meio da assinatura de termos de ajustamento de conduta (TACs). O movimento para revitalizar e proteger os berçários naturais ganhou a adesão da igreja católica.

O bispo de Luz, dom José Aristeu, é o representante da PUC Minas no monitoramento das lagoas do Alto São Francisco, a partir deste ano. Também participam da iniciativa dom Mauro Morelli e Antônio Campos Pereira, o padreTonhão. A Arquidiocese de Luz abrange de São Roque de Minas – onde fica a nascente do rio São Francisco – a Morada Nova de Minas, próximo à usina de Três Marias.

Intervenções

Para a revitalização de 26 lagoas, consideradas prioritárias, estão previstas algumas ações: fechamento imediato dos canais de drenagem; remoção total ou parcial de diques; criação de corredor de fauna entre as matas do Urubu eForquilha (reservas ambientais); recuperação dos rios Santana, Jacaré, Preto e Bambuí; cercamento das Áreas de Proteção Permanentes (APPs) do rio, afluentes e lagoas marginais, com a remoção do gado; e retirada dos cadeadosnas porteiras de acesso aos mananciais.

O Ibama quer recuperar a “Volta Grande”, desvio no São Francisco feito pela usina de cana-de-açúcar. Com quase oito quilômetros de extensão, esse trecho foi cortado e isolado do leito original do curso d’água na década de 60. O fechamento do desvio é considerado fundamental para a revitalização do rio.

Fuente: Instituto Humanitas Unisinos

Temas: Agronegocio, Agua

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