Brasil: Marcha Nacional "Águas pela Vida" cobra políticas sociais

Por MAB

Jovens, adultos e até idosos participam da caminhada de Goiânia a Brasília em defesa dos direitos dos atingidos por barragens que já recebeu o apoio da CNBB, de políticos e da sociedade

Mais de 600 pessoas iniciaram hoje (13) pela manhã a Marcha Nacional ?Águas pela Vida?, organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Camponeses, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, índios e sem ?terras vindos de vários estados se reuniram no Paço Municipal, onde aconteceu o ato de lançamento da Marcha com a presença de lideranças dos movimentos sociais, deputados e membros da Igreja, entre eles Dom Tomás Balduíno, bispo referencial da Comissão Pastoral da Terra. O ato foi marcado pelo forte espírito de união para o início da caminhada e fortalecido por uma mística de motivação para os 13 dias que estarão na estrada percorrendo os municípios de Terezópolis, Anápolis, Branápolis, Abadiânia e Alexânia promovendo ações cívicas, estudos e atividades culturais até chegar a Brasília no próximo dia 24.

O Deputado Edson Duarte, da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Federal e um dos coordenadores da audiência pública que debaterá os problemas sociais causados pela construção de hidrelétricas e empresas no próximo dia 25, disse que a marcha não se iniciou hoje e não terminará em Brasília, mas é a continuidade de uma caminhada histórica resistente de todos aqueles que continuam acreditando no respeito às pessoas e ao meio ambiente e que acima do desenvolvimento, do progresso e de qualquer projeto de construção de barragens está a vida das pessoas e do meio ambiente.

Entre os marchantes, o público majoritário é de jovens, que consideram como sua a obrigação de participarem do movimento e lutarem pelos seus direitos e de suas famílias. Entre as reivindicações da Marcha está cobrar a solução imediata dos problemas deixados pelas barragens, que já expulsou mais de um milhão de pessoas de suas casas, além de construir políticas sociais de tratamento das populações atingidas e dar maior visibilidade á temática da água e da energia nos debates com a sociedade, entendendo-as como bens públicos e patrimônio da humanidade.

CNBB apóia atividade do MAB

A CNBB manifestou publicamente seu apoio ao Movimento dos Atingidos por Barragens com a leitura de uma nota durante o ato de largada da Marcha Águas pela Vida. O Pe. José Carlos Tofolli, coordenador nacional da Campanha da Fraternidade 2004, que este ano aborda o tema da água, leu o documento onde a Igreja diz que a questão da água, no Brasil e no mundo inteiro precisa ser vista a partir de enfoques novos e de acordo com critérios éticos baseados no valor da vida e no respeito aos direitos e à dignidade da pessoa humana.

De acordo com o texto, a Igreja está convencida de que essas populações removidas de suas terras, inclusive suas organizações, são recolocadas em lugares estranhos, tantas vezes em condições piores que as anteriores, rompidas com sua cultura e que a perspectiva da construção de novas barragens é uma ameaça que paira sobre as populações que vivem ao longo dos rios. ?Que esta marcha possa alcançar os seus objetivos: denunciar a grave situação das famílias que são deslocadas das regiões alagadas em condições precárias, com total desrespeito aos seus direitos de cidadania; dar continuidade ao debate da Campanha da Fraternidade, provocando na sociedade uma reflexão completa sobre os problemas enfrentados por aqueles que são atingidos diretamente pelas construções de barragens?, disse o Pe.Tofolli.

Mais informações, acesse o Boletim da Marcha no site MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens

Contatos com:
Alexania Rossato: 61. 225 1814 e Fátima Santos: 61.9902.3781

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