Pouco avanço nas negociações põe em risco resultados da Rio+20, diz ONU

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A nove dias da Rio+20, o diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, reconheceu a possibilidade de a conferência não ter resultados relevantes.

"Dado o estado das negociações, o risco de não atingirmos acordos significativos, que mudem as coisas de verdade, é real. Mas muitas conferências dão certo só no último minuto", disse Steiner, que já está no Rio de Janeiro.

Horas depois, o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil na Rio+20, disse que os países em desenvolvimento "estão aguardando um movimento dos ricos" para que seja possível chegar a um resultado concreto na Rio+20.

A reportagem é de Roberta Pennafort e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-06-2012.

Corrêa do Lago e Steiner se referiam à última rodada de negociações, em Nova York, encerrada no fim de semana sem que os temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estivessem definidos. De acordo com a diplomacia brasileira, existe consenso em torno das metas; no entanto, os temas específicos a serem tratados não foram colocados no papel.

Em entrevista ao Estado, Steiner, que afirmou há dois meses que a conferência precisava ter ambição, voltou ao assunto. "A conferência e os temas são muito ambiciosos. O resultado será ambicioso? Só saberemos no último dia. Tem muita expectativa, muita negociação, e no fim será uma decisão política que vai dizer se a Rio+20 foi uma conferência para o futuro. Não precisamos de mais palavras, e sim de ações, prazos, objetivos concretos."

Pela manhã, Steiner participou de uma ação simbólica ao lado da modelo Gisele Bündchen e da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, no Green Nation Fest, evento paralelo montado na Quinta da Boa Vista. A ministra iniciou a contagem regressiva para a Rio+20. A modelo, que é embaixadora da Boa Vontade da ONU, plantou um pé de sapucaia (espécie endêmica da Mata Atlântica) que será no futuro levado a uma região desmatada do Estado.

Dificuldade

Segundo o embaixador Corrêa do Lago, houve consenso nas negociações de Nova York em relação a 70 parágrafos do documento, mas inda faltam 400. No dia 13, as discussões serão retomadas no Rio.

"Está sendo muito difícil para os países em desenvolvimento avançar em certas coisas porque os países desenvolvidos não estão se mexendo em meios de implementação, ou seja, recursos financeiros e tecnologia."

Corrêa do Lago participou ontem da entrega do prêmio Campeões da Terra, no Hotel Copacabana Palace, conferido pelo Pnuma a seis pessoas cujas ações tiveram impacto positivo no meio ambiente.

Entre os vencedores está o executivo da Abril S.A. Fábio Barbosa. Quando presidia o Banco Real, ele incorporou iniciativas de sustentabilidade como um dos critérios na análise de risco das empresas. Também foram premiados o presidente da Mongólia, Tsakhia Elbegdorj, o sultão Ahmed Al Jaber, o cientista Bertrand Piccard, o cientista socialSander Van der Leeuw e o guerreiro Maasai Samson Parashina.

Instituto Humanitas Unisinos, Internet, 5-6-12

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