ONU diz que biocombustíveis são crime contra a humanidade

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A produção em massa de biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos, declarou nesta segunda-feira o relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler

Os críticos dessa tecnologia argumentam que o uso de terras férteis para cultivos destinados a fabricar biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos e contribui para o aumento dos preços dos mantimentos.

Ziegler pediu ao FMI (Fundo Monetário Internacional) que mude suas políticas sobre os subsídios agrícolas e deixe de apoiar apenas programas destinados à redução da dívida.

Segundo ele, a agricultura também deve ser subsidiada em regiões onde se garanta a sobrevivência das populações locais.

Segundo reportagem da BBC Brasil, o presidente do Bird (Banco Mundial), Robert Zoellick, e o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, defenderam neste domingo (13) a adoção de medidas urgentes para conter a atual inflação de alimentos.

"Temos agora que colocar nosso dinheiro onde está a nossa boca, para que possamos colocar comida em bocas famintas", disse Zoellick, usando uma expressão idiomática da língua inglesa que significa algo como não ficar apenas no discurso, mas tomar uma ação.

Os comentários dos dois líderes foram feitos na entrevista coletiva que marcou o encerramento da reunião de primavera do FMI e do Bird, em Washington, neste domingo.

Preocupação

A preocupação com a recente alta dos preços dos alimentos e o forte crescimento da demanda no mercado mundial foi tema de declarações de uma série de órgãos internacionais ao redor do mundo na semana passada.

Na quinta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, durante viagem à Holanda, que os recentes aumentos nos preços dos alimentos indicam que é necessário produzir mais em nível mundial, mas que não se pode culpar o investimento nos biocombustíveis pela pressão nos preços.

No dia seguinte (11), Lula voltou ao assunto ao afirmar que a elevação dos preços dos alimentos é "inflação boa", que "convoca" os países a produzir mais e atender à demanda por alimentos no mundo. "A inflação sobre os alimentos é decorrente do fato de que as pessoas estão comendo mais", disse Lula. "Ora, na medida em que mais gente começa a comer carne, produtos de soja, trigo... se a produção de alimentos não aumentar, obviamente que nós vamos ter inflação."

No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, em Washington, que acredita que o Brasil poderá se beneficiar da alta mundial de preços de alimentos. Segundo Mantega, a inflação alimentar "tem o lado ruim, de aumento de custo de alimentos, mas o lado bom, que é o do choque de oferta". De acordo com o ministro, o Brasil se encontra em uma posição privilegiada, porque tem muitas terras agrícolas.

Também de manifestaram sobre o assunto na semana que passou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brow, a ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o representante da FAO (Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação) para América Latina e Caribe, José Graziano.

Folha Online, Brasil, 14-4-08

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