Nanotecnologia: nanotubos causam lesão semelhante à de amianto

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O nanotubo, um dos materiais mais versáteis da nanotecnologia, pode apresentar riscos para a saúde semelhantes aos do amianto, produto muito popular no passado, mas que se tornou um problema quando se descobriu que suas fibras provocam doenças pulmonares

Desta vez, a advertência está sendo feita muito antes que as pessoas adoeçam. Segundo especialistas, as descobertas pedem cautela - não alarme - no manuseio dos nanotubos, que são fibras de carbono extremamente resistentes e finas, muito mais que um fio de cabelo ou folha de papel. Embora os nanotubos já sejam encontrados em alguns produtos, como componentes eletrônicos e artigos esportivos, os cientistas afirmam que aparentemente apresentam pouco risco para os consumidores.

Descobertos em 1991, os nanotubos são folhas de carbono enroladas que podem ser utilizadas para produzir materiais muito mais leves e resistentes do que o aço, por exemplo. Os cientistas já vinham há tempo se perguntando se os nanotubos, com o formato de agulhas minúsculas, não poderiam causar o mesmo tipo de doenças provocadas pelas fibras do amianto, que têm formato semelhante.

Um artigo publicado nesta semana no site da revista Nature Nanotechnology sugere que sim. Uma equipe de pesquisadores informou que a injeção de nanotubos no abdome de animais de laboratório induz o aparecimento de lesões semelhantes às que aparecem na membrana externa dos pulmões após a inalação de amianto. No caso do amianto, as lesões podem dar origem a um tumor maligno chamado mesotelioma.

Entretanto, os cientistas definiram seus resultados como uma excelente notícia, pois oferece às pessoas que trabalham com nanotubos o conhecimento necessário para minimizar os eventuais riscos.

Vicki Colvin, professora de química da Rice University, em Houston, que não participou da pesquisa, não vê necessidade de restringir o emprego dos nanotubos em produtos, mas acha que seu uso deveria ser melhor explicado no rótulo. “Acho que deveríamos dispor de informações mais claras a respeito de onde se encontram e como são usados.”

Quando partículas estranhas, como fumaça ou poeira, penetram nos pulmões, células conhecidas como macrófagas capturam as partículas e as fazem desaparecer. Algumas fibras de amianto são grandes demais para serem eliminadas pelas macrófagas, podendo provocar lesões. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que os nanotubos poderiam causar problemas semelhantes se fossem fibras compridas, mas não se fossem curtas ou enroladas como em uma bola.

No estudo, eles usaram quatro grupos de camundongos. Em um deles, injetaram nanotubos curtos de cerca de 5 mícrons de comprimento; no segundo, nanotubos longos de 20 mícrons; no terceiro, amianto; e, no quarto, uma pequena quantidade de carbono. Alguns camundongos foram sacrificados e dissecados no dia seguinte. Outros, uma semana mais tarde.

Os camundongos que receberam a injeção de nanotubos curtos ou de pequenas quantidades de carbono não apresentaram doença. Os que receberam a injeção de nanotubos longos ou de amianto apresentaram lesões no tecido pulmonar.

“Os de fibra longa são perigosos, os de fibra curta, não”, disse Ken Donaldson, professor de toxicologia respiratória da Universidade de Edimburgo, na Escócia, um dos autores do artigo. Ele tem certeza de que, com mais tempo no organismo, as lesões causadas pelos nanotubos longos teriam formado tumores.

O estudo não analisou se os nanotubos são transportados facilmente pelo ar ou se eles se alojam nos pulmões quando inalados. Os cientistas afirmaram que haverá necessidade de novas pesquisas para determinar as dimensões do risco apresentado pelos nanotubos. As pessoas que correriam maior perigo são as que trabalham em laboratórios ou nas fábricas do produto.

Instituto Humanitas Unisinos, Internet, 23-5-08

Comentarios

04/06/2008
Amianto Crisotila, por Rúbia Mussi
Talvez não seja de conhecimento da maioria da população dos vários tipos de amianto existentes e dos cuidados que são tomados pelas empresas que utilizam o Amianto Crisotila, único amianto legal no país e liberado para utilização através de Lei Regulamentadora de sua extração, utilização e transporte.
A notícia trata a fibra mineral de forma genérica, dando oportunidade para que se entenda de forma tal que os riscos oferecidos atingem toda a população, quando essa não é a realidade.