Brasil: desmatamento sobe 134% em 1 mês e ministro culpa eleições

Idioma Portugués
País Brasil

A área desmatada na Amazônia Legal voltou a crescer no mês passado, quando foram devastados 756 km², segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), contra os 323 km² em julho. O cálculo foi feito com base em imagens de satélite do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter). O pior mês deste ano foi abril - a Amazônia perdeu 1.124 km², área equivalente à da cidade do Rio

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, qualificou de “péssima notícia” e disse que um dos motivos do aumento são as eleições municipais, que levaram governadores e prefeitos até a trabalhar contra a fiscalização ambiental para não desagradar a eleitores.

Minc apresentou dados comparativos dos desmatamentos em 1996, 2000 e 2004, anos de eleição, quando a média anual de derrubada da mata foi de 19.700 km2. Nos outros anos, a média ficou em 17.300 km2. “Ficou claro que nos anos de eleição derruba-se mais”, disse. Por isso, segundo Minc, o governo pretende chamar governadores e prefeitos para pedir que colaborem com as medidas de contenção da derrubada. “Estou muito insatisfeito com os dados, principalmente porque a área desmatada em agosto mais do que dobrou em relação a julho.”

Do total de desmatamento registrado em agosto, 435 km² ocorreram no Pará e 229 km² em Mato Grosso. O levantamento do Inpe considera áreas que sofreram corte raso, ou seja, totalmente desmatadas.

Em agosto, 74% da Amazônia Legal pôde ser vista pelas imagens do satélite, porém ficaram encobertos por nuvens 99% do território do Amapá e 77% de Roraima. Mato Grosso não tinha nuvens, enquanto o Pará teve 24% da área encoberta.

As imagens do Deter são consideradas de baixa resolução e feitas diariamente por meio de um sensor chamado Modis, que fica no satélite norte-americano Terra, com resolução espacial de 250 metros. Por causa disso, elas são confrontadas com as imagens registradas por outros dois satélites, o sino-brasileiro CBERS e o também norte-americano Landsat, ambos com melhor resolução espacial, de 30 e 20 metros, respectivamente, mas que passam sobre a mesma área somente a cada 20 dias.

Assim, do total de 756 km² desmatados no mês passado, 67,5% foram de corte raso e outros 17% por degradação florestal de intensidade alta, enquanto outros 11% não foram confirmados como desmatamento. Segundo a assessoria de imprensa do Inpe, os dados foram encaminhados ao Ibama para orientar a fiscalização e indicar as áreas prioritárias para vistoria de campo.

Instituto Humanista Unisinos, Internet, 30-9-08

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