Alan Tygel

Mega-fusões e big data na agricultura rumo ao controle da comida no mundo

Desde 2016, o noticiário do agronegócio vem sendo chacoalhado por informações, muitas vezes contraditórias, acerca das fusões e aquisições entre as grandes multinacionais de agrotóxicos e sementes. Hoje, dois anos depois, os processos em curso já caminharam o suficiente para podermos ter um olhar mais claro sobre quem controlará nossa comida daqui para em diante. Infelizmente, o panorama não é dos melhores.

Mega-fusões e big data na agricultura rumo ao controle da comida no mundo

Não existe controle do Estado sobre a venda de agrotóxicos no Brasil

"O faturamento da indústria de agrotóxicos é exorbitante. Enquanto os vendedores de venenos faturaram R$ 33 bi em 2016, o total de gastos diretos do governo federal com o Ministério da Agricultura foi de apenas R$ 13,5 bi, e na Anvisa foram investidos apenas R$ 682 milhões. Ambos deveriam fiscalizar os agrotóxicos, mas obviamente não tem verba nem força política para isso."

Não existe controle do Estado sobre a venda de agrotóxicos no Brasil

fusiones

Mais concentração, sob esse ponto de vista, significa mais poder do agronegócio para dificultar a vida da agricultura camponesa.

Gigantes do agronegócio: o risco das fusões para a agroecologia

feijao

Ao deixar de plantar comida para plantar mercadorias, ficamos extremamente dependentes do mercado externo. "O agronegócio brasileiro não se preocupa em produzir alimentos para o Brasil. E isso fica muito claro quando olhamos a mudança na utilização das terras no país."

O golpe ruralista e o preço do feijão

Transgénicos

Sobre o artigo "Transgênicos: benefícios e diálogo" (leia aqui), gostaria que os nobres cientistas discorressem sobre a metodologia de cálculo do aumento da produtividade no Brasil.O referido artigo afirma que “os transgênicos representam apenas 30% da área plantada: são 160 milhões de hectares cultivados com as mais diversas culturas no país contra apenas 45 milhões com cultivos transgênicos”, e vai mais fundo, dizendo que “a produtividade geral da agricultura brasileira nos mesmos 10 anos: foi de 200%”, referindo-se, provavelmente, ao período de 2004 a 2013.

Brasil: Transgênicos, benefícios e diálogo

Salud

No início de 2011, a Campanha Contra os Agrotóxicos causou estardalhaço ao afirmar que cada brasileiro consumia 5,2 litros de agrotóxicos por ano. À época, o cálculo foi simples: a indústria dos venenos, orgulhosa do sucesso de seu mortífero negócio, alardeou aos quatro ventos que havia vendido 1 bilhão de litros de agrotóxicos. Divididos pelos então 192 milhões de habitantes, nos davam os 5,2 litros por pessoa. Ainda que este volume todo não chegue diretamente à nossa mesa, vai nos encontrar algum dia pela terra, pela água ou pelo ar. O veneno não desparece, como querem fazer crer aqueles que enriquecem com ele.

Em 2014, cada brasileiro consumiu 7,3 litros de agrotóxicos

Tierra, territorio y bienes comunes

Chicão afirma que a agroecologia não será construída somente pelo povo do campo: “Ela tem que ser um sistema que se constrói com a sociedade inteira. Os agrotóxicos não são um problema exclusivo dos camponeses, é um problema de toda a sociedade, porque todo mundo se alimenta. Por isso é que nós precisamos unir as forças para ir construindo um novo sistema de produção, um novo sistema de vida que não seja baseado puramente na criação e acumulação de capital."

“Não há possibilidade de produzir agroecologia plena onde se predomina o grande capital”: Chicão, coordenador do Setor de Produção do MST

Transgénicos

Relatos revelam conivência do poder público com a contaminação do meio ambiente e dos seres humanos pela utilização de venenos na agricultura. Pesquisas em Mato Grosso mostram animais com diversas anomalias em locais com altos índices de utilização de agrotóxicos.

Brasil: populações denunciam que agrotóxicos e transgênicos adoecem pessoas e prejudicam cultivos tradicionais