Brasil: Movimento Negro em duas marchas

Por ADITAL
Idioma Portugués
País Brasil

Ontem, 16, 129 ONGs do Movimento Negro realizaram, em Brasília, a Marcha Zumbi +10, para lembrar os 310 anos da morte do líder negro escravo Zumbi dos Palmares (celebrado no próximo dia 20 de novembro)

A marcha, que reuniu cerca de 5 mil pessoas, pedia a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial na perspectiva desenvolvida pelo movimento negro; a implementação de um plano político de igualdade racial no Brasil; a titulação das terras quilombolas; denunciou a concentração de renda que impede a construção da democracia; e posicionou-se contra a intolerância religiosa e pelo direito à liberdade de credo.

A marcha de ontem foi organizada de maneira independente por setores do Movimento Negro, que não quiseram construir uma marcha com a presença de setores do movimento social que não pertencessem ao Movimento Negro (como o MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -, a CUT - Central Única dos Trabalhadores) e com o apoio financeiro do governo federal. O apoio do governo foi um dos principais motivos da separação das marchas e vinha provocando opiniões diferentes desde o ano passado com o início das articulações para a marcha.

No próximo dia 22, será realizada a marcha de uma parte do Movimento Negro em conjunto com organizações da sociedade civil em geral. A II Marcha contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida está sendo organizada pela Agente Pastoral Negro do Brasil (APNS); Comissão Nacional Contra Discriminação Racial da Central Única dos Trabalhadores (Cncdr/CUT); Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen); Fórum Nacional de Mulheres Negras; Movimento Negro Unificado (MNU); Pastoral Afro; Setorial de Negros e Negras da Central de Movimento Populares (CMP); União de Negros Pela Igualdade (Unegro); Religião de Matriz Africanas; Juventude e Quilombolas;Centro de Articulação das Populações Marginalizadas (CEAP).

Segundo os organizadores da marcha do dia 22, milhares pessoas devem comparecer ao ato. Eles disseram também que "o processo de genocídio da população negra no Brasil atingiu níveis alarmantes através da proliferação do narcotráfico que tem levado à morte grande contingente de jovens negros, através da violência policial e ação dos grupos de extermínios, deixando à mostra que o Estado Brasileiro nunca desistiu de seu projeto de branqueamento, arquitetado em finais do século XIX"

E acrescentaram que "apesar do avanço da luta do movimento negro, continuamos na base da pirâmide social, com os piores empregos e salários; menor índice de escolaridade; menor acesso a saúde; somos as vítimas preferencial da violência do Estado; sofremos com a pobreza e vivemos num país com profunda desigualdade econômica e social racializada".

ADITAL, Internet, 17-11-05

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