Brasil: depois de ato político, MST sai em marcha por reforma agrária

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País Brasil

Na quinta-feira (14), os 18 mil delegados da atividade fizeram uma marcha pela cidade, com protestos em quatro pontos. Na Embaixada dos Estados Unidos, os Sem Terra deixaram 30 caixões para denunciar as guerras e mortes causadas pelo imperialismo

Depois, passaram pelo Palácio do Itamaraty para protestar contra o envio de tropas militares ao Haiti. “O Haiti não precisa de tropas militares, mas de solidariedade dos povos. Não se tem paz com armas”, disse Vanderlei Martini, da direção nacional do MST.

De lá, foram à Praça dos Três Poderes e deixaram uma faixa preta com 32 metros de extensão por 5 de altura, com a frase "Acusamos os Três Poderes de impedir a Reforma Agrária", na fachada do monumento a Juscelino Kubitschek de Oliveira, no centro da praça.

No protesto, o MST denuncia que os poderes Legislativo, que não aprova a PEC do Trabalho Escravo, o Poder Judiciário, que depois de 11 anos não prendeu os responsáveis pelo Massacre de Eldorado de Carajás, e o Executivo, que não faz a reforma agrária, não ataca o latifúndio e apóia o agronegócio. Antes, na passagem pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi deixada faixa pela anulação da privatização da Companhia Vale do Rio Doce.

Apoio

Um ato político realizado nesta quinta, em Brasília, marcou o apoio de governadores e parlamentares em defesa da Reforma Agrária e ao MST (Movimento Sem Terra). O governador do Maranhão, Jackson Lago, lembrou do seu passado político e da amizade com Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas das décadas de 50 e 60.

Sentindo-se em um "santuário" da luta pela Reforma Agrária, Lago destacou a importância dos apoios políticos conquistados pelo MST na sua história. "Os apoios permitiram que o MST se tornasse maior que as Ligas Camponesas", disse.

O ex-presidente Itamar Franco (PMDB) enviou uma mensagem ao Congresso do MST, que foi lida durante o ato. Na carta, ele se diz orgulhoso de ter sido o primeiro presidente da República a receber os sem terra no Palácio do Planalto.

"Orgulho-me de nunca ter cumprido nenhuma liminar de reintegração de posse", disse na carta, referindo-se à relação com o MST no período em que foi governador de Minas Gerais, entre 1998 e 2002.

O governador do Paraná, Roberto Requião, mandou uma carta para cumprimentar os Sem Terra. "Saúdo com entusiasmo e esperançoso os companheiros que se reúnem no 5º Congresso do MST. Entusiasmo pela força dos movimentos populares; esperançoso por ver as legítimas demandas dos trabalhadores do campo serem atendidas", diz o documento (leia mensagem na íntegra em anexo).

"O 5. Congresso do MST expressa as angústias e a fé dos brasileiros. Angústias por ver o nosso país ainda tão atrelado aos postulados do neoliberalismo, à voracidade dos especuladores, do capital financeiro, da banca nacional e transnacional. Fé, fé ardente de que um outro mundo é possível. Sem explorados e exploradores", afirmou o governador.

Representando o governador do Ceará Cid Gomes, o vice Francisco Pinheiro condenou a repressão das polícias estaduais contra os movimentos populares. Depois de uma greve de trabalhadores em que um manifestante foi ferido por um tiro de borracha, o governo proibiu o uso de armas pela Polícia Militar em mobilizações no Ceará. "O movimento social não é criminalizado, nem tratado com cacetete e fuzil".

Gaúcho da região das Missões, o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro das Cidades, Olívio Dutra, lembrou da experiência das Missões Guarani do século 18 para dizer que os movimentos de luta pela terra devem buscar inspiração no "subsolo dos povos". Para Olívio, as reduções jesuíticas construíram uma sociedade de cunho socialista, sem propriedade privada da terra. "Para que uma árvore dê bons frutos, deve ter uma raiz forte", disse.

Olívio Dutra defendeu a reforma agrária como mecanismo para desconcentrar o poder econômico e político no Brasil, que necessita radicalizar sua democracia. "O povo tem que se empoderar do País, para que o Brasil seja de fato uma nação", afirmou.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) colocou a importância do movimento na América Latina e, em relação à Reforma Agrária, disse que as políticas para o campo do governo são importantes, mas não suficientes. "Precisamos avançar mais", disse a senadora.

Participaram também os senadores Cristovam Buarque (PDT), Siba Machado (PT), Serys Slhessarenko PT. Entre os deputados, estavam Dr. Rosinha (PT), coordenador da recém lançada Frente Parlamentar em Defesa da Terra, Chico Alencar (PSOL) , Jackson Barreto (PTB), Fernando Ferro (PE), Chico Lopes (PT), Paulo Rubem (PT), Estela Farias (PT) e Adão Preto (PT), além de outros parlamentares.

Manifestaram apoio ao MST o diretor de desenvolvimento do Banco do Nordeste, Pedro Lapa, o secretário da Reforma Agrária de Minas Gerais, Manoel Costa, e a secretária de Justiça e Direitos Humanos do Pará, Socorro Gomes. Na quarta-feira, o governador baiano, Jaques Wagner, compareceu ao encontro e manifestou apoio ao movimento.

CUT, Brasil, 15-06-07

 

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