Brasil: o problema da fome no mundo não é a falta de alimentos
Na terceira reportagem da série “Comida ou mercadoria: do que se alimenta o mundo?”, entrevistados afirmam que a fome do mundo não resulta da falta, mas da má distribuição dos alimentos
Esta visão questiona a postura do Banco Central, que defende o aumento em 80% da produção agrícola para acabar com a fome mundial.Movimentos sociais e ambientalistas denunciam que, na verdade, o que estão em jogo são os interesses financeiros em torno de recursos naturais.
Nívea Regina, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), diz que a atual forma de produção de alimentos gera desigualdade social e prejudica a soberania alimentar do país. A militante explica que o agronegócio surge da fusão entre os latifúndios e empresas transnacionais.
Além da concentração de terras, hoje há um controle do mercado mundial de alimentos por meio de empresas transnacionais. Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont, DowAgrosciens e Basf são exemplos.
Benny Haerlin, da organização alemã Fundação do Futuro da Agricultura, explica que junto com o aumento da produção agrícola promovida por estas empresas cresce o uso de agrotóxicos.Haerlin critica ainda a apropriação da natureza por meio das patentes, ação chamada por ele de “nova forma de colonialismo”.
As reportagens da série “Comida ou Mercadoria: do que se alimenta o mundo?” são resultado de um trabalho da Pulsar Brasil em conjunto com a radio matraca, de Berlim, e a Radio Dreyeckland, de Freiburg, grupos de mídia alternativa da Alemanha.