Manifestações contra a crise acontecem em todo o mundo

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Entre os dias 28 de março e 4 de abril, movimentos sociais populares, sindicais e estudantis de todo o mundo saem às ruas para protestar contra o capitalismo, a guerra e para alertar em alto e bom som que os trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise

A semana de mobilização foi convocada pela Assembléia dos Movimentos Sociais, ocorrida em Belém (PA), durante o Fórum Social Mundial 2009, e está marcada por três grandes momentos:

No dia 28/3, mobilizações ao redor da cúpula do Grupo dos 20 países mais ricos conhecido como G 20, tomaram conta do cenário de protestos. O grupo é formado por representantes dos bancos centrais e governos de 20 países, que representam dois terços do comércio e da população mundial e mais de 90% do produto mundial bruto. Conta também com a presença do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

As manifestações, que têm maior concentração no continente Europeu – onde regularmente acontecem as reuniões do G 20 – , preparam o terreno para maiores protestos programados para esta sexta-feira (2/3), quando o grupo se reúne em Londres, na Inglaterra.

O dia 30/3 foi marcado por mobilizações contra a crise, as guerras e de solidariedade com o povo palestino. Esta data marca o Dia da Terra Palestina e lembra um dos grandes massacres levadas a cabo por Israel contra os palestinos (Galiléia, em 1976). Foi escolhida para dar impulso a uma campanha nomeada como BDS (de Boicote, Desinvestimentos e Sanções contra Israel).

Já no dia 4/4, as manifestações focam a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança de cooperação militar formada por países da Europa e pelos Estados Unidos, que nesta semana completa 60 anos. A Otan se vai reunir nos dias 3 e 4/4 em Baden-Baden e Kehl, na Alemanha, e em Estrasburgo, na França.

Na Europa, os movimentos se concentram especialmente nas ações de Londres e Estrasburgo. Na América Latina, os movimentos sociais em torno da construção da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) mobilizam-se contra a crise e em solidariedade ao povo palestino.

Trabalhadores do mundo se unindo

Frente às falsas soluções apresentadas por empresas, bancos e governos para sair da crise como demissões, privatizações de serviços públicos, expropriação de recursos naturais e energéticos, que não fazem mais que socializar as perdas, os movimentos vão posicionam-se exigindo ações urgentes como:

•A nacionalização do bancos sem indenização e sob controle social
•Redução do tempo de trabalho sem redução do salário
•Medidas para garantir a soberania alimentaria e energética
•Colocar fim às guerras, retirar as tropas de ocupação e desmantelar as bases militares estrangeiras
•Reconhecer a soberania e autonomia dos povos, garantindo o direito à autodeterminação
•Garantir o direito à terra, território, trabalho, educação e saúde para todas e todos
•Democratizar os meios de comunicação e de conhecimento

A seguir, acompanhe o que acontece ao redor do mundo:

ALEMANHA
3/4: manifestações e cortes de rotas e ruas na cidade de Baden-Baden, um dos pontos de entrada dos Chefes de Estado e militares que participarão das cerimônias do aniversário da OTAN em Estrasburgo. Mais informações: clique aqui

ARGENTINA
30/3: numerosas organizações e movimentos sociais foram às ruas, no marco de uma jornada de luta continental “Contra a crise e a guerra”, com o objetivo de denunciar ao capital transnacional e os governos que atuam como cúmplices do saque. Um grande ato teve início no Obelisco, em Buenos Aires e seguiu para a embaixada de Israel, para repudiar a invasão a Gaza.

AUSTRÁLIA
30/3: em Melbourne, uma coligação de grupos de apoio à Palestina lança a campanha “The Sack Connex, Boycott Israel”.

BÉLGICA
28/3: em Bruxelas, ação em torno da crise financeira e a questão Palestina. Também na cidade, ação simbólica no centro, com teatro de rua : « Quer pagar pela crise ? » Também dentro das mobilizações sobre a crise e a guerra, o maior sindicato belga (FGTB) lançou uma campanha com o tema “O capitalismo prejudica seriamente a saúde”. Mais informações (em francês): clique aqui

CANADÁ
28/3: em Montreal, aconteceu demonstração pacífica diante do Complexe Guy-Favreau, para dizer não ao G-20, que é considerado um fórum ilegítimo para solucionar a crise que o capitalismo criou. No dia 30/3, ocorreu uma plantação simbólica de uma oliveira diante do consulado de Israel, além exposição de fotos e depoimentos de testemunhas sobre a situação de Gaza.

CATALUNHA, ESTADO ESPANHOL e PAÍS BASCO
28/3: manifestações contra a crise e o G-20 e em solidariedade aos palestinos tomaram conta de Albacete, Almería, Barcelona, Bilbao, Cádiz, Córdoba, Alicante, Elche, Madri, Murcia, Pontevedra, Tarragona e Valência.

ESTADOS UNIDOS
Mostras de cinema, debate sobre as ações do BDS e com delegações que estiveram na Faixa de Gaza, assim como discussões sobre as conexões entre os muros na Palestina e no México, aconteceram no dia 29/3, em Santa Cruz, e no 30/3, em San Diego e Los Angeles, na Califórnia. Em Nova York, o Comitê do boicote a Israel lançou uma ampla campanha de boicote à empresa Motorola em no dia 30/3.

FRANÇA
28/3: em Paris, uma manifestação foi convocada por uma ampla coligação de associações, movimentos, sindicatos e partidos políticos de esquerda. Ver lista completa: Aqui

4/4: sob a consigna “Não à guerra! Não à Otan!" milhares de pessoas de toda Europa reúnem-se em Estrasburgo, onde ações de diversos tipos serão realizadas para exigir um fim da militarização e da Otan, tais como oficinas, distribuição de panfletos de informação à população, cortes de ruas, reuniões e atos de desobediência civil. Uma grande manifestação está programada para as 13h. Também haverá um acampamento alternativo. Mais informações (em francês): clique aqui

GRÉCIA
2/4: em Creta, protestos em apoio ao boicote contra Israel nos esportes durante um jogo de futebol entre a Grécia e Israel.

HOLANDA (PAÍSES BAIXOS)
28 a 31/3: ciclistas reivindicam a suspensão do acordo da associação econômica entre a União Européia e Israel com uma corrida de bicicletas que sai do Tribunal Internacional de Justiça, em Haia (Holanda), no dia 28/3, e chega no dia 31/4, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, onde entregam sua petição aos deputados europeus.

ÍNDIA
30/3: em Delhi, exibições, poesia e filmes marcaram o Dia da Terra a Palestina.

ITÁLIA
28/3: uma grande manifestação com sindicatos de base tomou conta de Roma, sob o lema “Loro la crisi, noi la soluzione” (A crise é deles, nós temos as soluções), organizada pelo Cobas. Manifestações pacíficas em solidariedade à Palestina também aconteceram em vários shopping centers em Milão, Turim, Pisa, Bolonha, Roma e Nápoles, organizadas pelo Fórum Palestina.

4/3: passeata convocada pela CGIL e outras organizações e redes percorre as ruas de Roma em direção ao Circo Massimo.

NORUEGA
30/3: em Kristiansand e Oslo aconteceram debates e oficinas em torno da campanha BDS como forma de pressionar Israel. Em algumas vizinhanças de Oslo, ações porta a porta orientaram habitantes sobre a campanha, que produtos boicotar e como se envolver. As manifestações terminaram com um protesto em frente à embaixada israelense em Oslo, organizada pelo Comitê Palestino.

PAQUISTÃO
Em Karachi, aconteceu no dia 28/3 uma conferência sobre a situação palestina. No dia 2/4, manifestações contra o G-20 tomam as ruas da cidade.

QUÊNIA
28/3: a Marcha Mundial das Mulheres participou de ações no dia de apoio às mulheres artistas, afirmando que as mulheres não pagarão pela crise. Acompanhadas de uma batucada feminista, elas desenvolveram suas ações em torno ao trabalho das mulheres, bens comuns, segurança alimentar, violência doméstica e paz.

REINO UNIDO
28/3 a 4/4: Londres recebe participantes de toda Europa para as manifestações que acontecem entre os dias 28/3, contra o sistema capitalista e a crise econômica, e no dia 2/4, contra a guerra e a Otan. Ações relâmpagos, reuniões e debates acontecem ao longo de toda a semana, bem como um acampamento no centro de Londres. Mais informações: clique aqui

Em Glasgow e Edinburgo, na Escócia, boicotes a supermercados aconteceram nos dias 29 e 30/3 em solidariedade à Palestina, assim como chamadas telefônicas em massa às grandes cadeias de supermercados para reclamar de produtos israelenses vendidos em todo o país.

Para ler a íntegra da Declaração da Assembléia dos Movimentos Sociais, realizada no FSM 2009 em Belém, clique aqui

Para saber mais sobre a campanha BDS (Boicote, Desinvestimentos e Sanções): clique aqui

Brasil de Fato, Brasil, 31-3-09

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