Brasil: relatório de danos e crimes ambientais da Aracruz Celulose SA: a erradicação dos dendezeiros no Extremo Sul da Bahia

Idioma Portugués
País Brasil

"Não escrevam mais para mim, porque não os responderei, porque assino e somente aceito de livre vontade quem se declara. Assino como pessoa justa e junto com as ONG's CDDH, FASE, Rede Alerta contra o Deserto Verde e tantas outras entidades que lutam pela dignidade dos povos descartados pelo capital. Assinarei sempre pelas manifestações contra os absurdos que estão sendo cometidos pela Aracruz Celulose S.A., que desrespeita o levantamento feito por órgãos governamentais e tenta se sobrepor utilizando artifícios mesquinhos como este de querer dizer que os nossos irmãos indíos não são índios"

Resposta ao "Diálogo e ironia" absurdo dos funcionários da Aracruz.

Olá funcionários sem rosto,

Desculpe o aspecto agressivo, pois ainda os considero trabalhadores. Mas, como diria Marx um posicionamento como este, ainda que temporáriamente, significa assumir uma postura de " lumpem" da sociedade. Que pena que o capital internacional (neste caso Aracruz) já tenha cooptado, ou está sendo maior que a vontade daqueles que, anôminamente, subscrevem as mensagens que nos chegam e que tentam destruir a imagem já maculada pela Aracruz Celulose S.A., dos indígenas brasileiros, neste caso os Tupinikins e Guaranis. Não suportando essa falta de coerência, me sinto no direito de externar, por causa dessa vexatória situação de agressão a estes povos tão sofridos, alguns pensamentos: " Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira este é um criminoso " Berttold Brecht (Agenda MST, 2003, p.19/02). Parece-me que a ação externada pelos "funcionários" da Aracruz podem ser assim enquadrada. E, dessa forma, não nos resta senão dizer que o crime que estão praticando contra essas culturas milenares se voltará contra quem as promove e, pior, contra os vossos filhos, pois uma comunidade de paz (como os indígenas atacados) pode ser forçada à guerra. O que os "funcionários" dizem nos e.mails que estão nos enviando?:

1- Indígenas são agora "pessoas aparentemente indígenas"?

2- Indígenas são "presos sendo presos sim, porque foram pegos em flagrante numa situação de roubo?

3- Indígenas quando são defendidos pela ONG's dos direitos humanos/ ambientais são agora agentes de "um radicalismo patrocinado por interesses internacionais"?

4- Indígenas não podem viver com dignidade e tem que viver "como tal (índios pelados e distantes dos homens brancos), não podem ter "antenas parabólicas", não podem "ter asfalto"?

Infeliz e errôneo pensamento o dos funcionários da Aracruz Celulose, pois Indígenas não podem ter a sua cultura e, ainda assim, ampliar a possibilidade de ter dignidade quando são afetados negativamente pelas "práticas-pragas" do "desenvolvimento" desumano: erradicação brutal das espécies para o plantio do eucalipto; pelo agrotóxico lançado maciçamente pelas empresas da monocultura do eucalipto que contaminam a terra, o ar, a vida dos indígenas (índios, animais e floresta); pela erradicação das culturas tradicionais (quilombolas, indígenas e ribeirinhos, agricultores familiares); pela compra de gestores públicos que deveriam fiscalizar a atividades dessas empresas. Será que os "funcionários" da Aracruz sabem quantos crimes são cometidos pela empresa nos vários estados que a empresa mantêm atividades?

- Plantações no entorno de Unidades de Conservação;
- Plantações irregulares em Áreas de Preservação Permanente; - Reservas Legais não recuperadas;
- Captação de águas territoriais em larga escala impedindo populações e, o pior, sem pagar impostos;
- Lançamento de agrotóxicos em larga escala;
- Erradicação de árvores e frutos de dendezeiros que alimentam populações tradicionais;
- Destruição da fauna e flora com perda de biodiversidade.

Respondo: É impossível não saber... Lembrem-se caros funcionários da Aracruz Celulose: " Somos o que fazemos, mas somos principalmente, o que fazemos para mudar o que somos " Eduardo Galeano (Agenda MST p.12/05).

Continuo a acreditar na transformação de suas mentes, antes que sejam descartados pelo capital, porque quando vossos corpos não mais interessarem a este assassino da cultura inteligente, será muito tarde, como o foi para milhares de indígenas que não tiveram sábios interlocutores que os defendessem no passado da VARÍOLA intenciolmente disseminada para erradicá-los dos territórios a serem explorados pelo capital. Recebi o relatório forjado na calada da noite das negociatas fraudulentas da socieda capitalista, por "especialistas" que foram pagos pelo capital internacioal da Aracruz Celulose S.A.. Relatório que não irei responder mais do que estas palavras.

Não escrevam mais para mim, porque não os responderei, porque assino e somente aceito de livre vontade quem se declara. Assino como pessoa justa e junto com as ONG's CDDH, FASE, REDE ALERTA CONTRA O DESERTO VERDE e tantas outras entidades que lutam pela dignidade dos povos descartados pelo capital. Assinarei sempre pelas manifestações contra os absurdos que estão sendo cometidos pela Aracruz Celulose S.A., que desrespeita o levantamento feito por órgãos governamentais e tenta se sobrepor utilizando artifícios mesquinhos como este de querer dizer que os nossos irmãos indíos não são índios.

Para que sirva de esclarecimento para todos os funcionários e interessados envio-vos, em anexo, um relatório de danos e crimes ambientais, mais uma das vilezas dos sectários da monocultura: a erradicação dos dendezeiros no Extremo Sul da Bahia.

Cordialmente,

João Luiz Monti

Ex-chefe do IBAMA em Teixeira de Freitas - BA - Pedagogo com Habilitação em Coordenação e Administração de Projetos Pedagógicos pela UNEB/BA

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