Abertura hermética: EFSA abre os dados sobre milho transgênico NK 603, mas de forma que dificulta sua análise

Por AS-PTA
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A Agência Europeia de Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês) resolveu abrir os arquivos e tornar públicos os dados que embasaram a autorização do milho transgênico NK603 para o consumo humano no bloco.

Trata-se de conquista decorrente da publicação, em setembro de 2012, da pesquisa da equipe liderada por Gilles-Eric Séralini, que mostrou que o milho da Monsanto, tolerante à aplicação do herbicida Roundup (também da Monsanto), causou danos à saúde de cobaias, com e sem associação com o herbicida. A EFSA havia solicitado que a equipe de Séralini divulgasse os dados brutos de sua pesquisa, e a equipe argumentou que só o faria depois que a própria EFSA divulgasse os dados que haviam embasado a liberação do milho.

 

A Agência declarou que está aderindo a uma iniciativa de transparência para tornar os dados mais acessíveis à comunidade científica e demais interessados, e que, no futuro, abrirá também as informações relativas a todas as liberações de transgênicos concedidas no bloco. Entretanto, James Ramsay, um porta-voz da EFSA, disse ao blog da revista Nature que o projeto de liberação de mais arquivos está ainda em estágio inicial e que um esquema de divulgação de d ados será anunciado somente após maiores discussões com as partes interessadas.

 

Em nota à imprensa divulgada em 14 de janeiro, a EFSA declara que divulgação dos dados referentes ao milho NK603 neste momento se deu “devido ao grande interesse público” sobre o caso. Os arquivos já estão disponíveis na rede e excluem informações consideradas confidenciais.

 

Em seguida à iniciativa da EFSA, Séralini manifestou à imprensa a satisfação com a iniciativa, mas lamentou que a Agência não tenha aberto também os dados brutos dos estudos referentes às avaliações de risco do glifosato (ingrediente ativo do herbicida Roundup).

 

Em entrevista ao jornal francês Ouest France em 05 de fevereiro, Séralini fez novas críticas à EFSA. Para o pesquisador, a divulgação dos dados toxicológicos brutos (bioquímicos, biológicos e histológicos) do estudo de três meses com ratos que embasou a permissão do NK603 se trata de “um primeiro passo”, pois, segundo ele, os dados estão apresentados de forma não utilizável: “Esta forma não permite a um estatístico realizar a mínima análise, a não ser que passe m eses recopiando as tabelas escaneadas”. Por esta razão, ele e a organização cujo conselho científico ele preside, o CRIIGEN (Comitê de Pesquisa e de Informação Independentes sobre Organismos Geneticamente Modificados, na sigla em francês), demandam à EFSA que dê próximo passo publicando os dados de forma estatisticamente utilizável. “Nós não temos dúvidas de que a EFSA dispõe deste formato. Não podemos imaginar que ela possa ter emitido um parecer favorável de comercialização sem ter antes analisado e verificado os dados em si”.

 

Em suas declarações, Séralini aproveita para cutucar os detratores de sua pesquisa: “Ficamos surpresos pelo fato de que aqueles que mostram tanta preocupação com a transparência em relação aos nossos dados jamais tenham expressado essa exigência em relação às agências de avaliação de riscos”.

 

Com informações de:

 

- EFSA promotes public access to data in transparency initiative (Press Release) – EFSA, 14/01/2013.

 

- European food authority to open up GMO data - Nature.com, 14/01/2013.

 

- OGM : Le CRIIGEN se félicite des premiers pas de l'EFSA - Ouest-France-05/02/2013.

 

- Agência europeia libera dados oficiais sobre riscos de milho transgênico – Revista Globo Rural, 05/02/2013 (com informações da Agência Unicamp).

Fuente: AS-PTA

Temas: Transgénicos

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