Brasil: Pará: terra das mortes sem fim

Idioma Portugués
País Brasil

A formação de consórcio de fazendeiros para a execução de seus adversários, é umas das teses defendidas pelo conjunto de entidades ligado a defesa da reforma agrária no Pará. Parece que tal tese se estende para além das execuções. A perspectiva pesa sobre os casos da execução da família Canuto, no município de Rio Maria, da missionária Dorothy Stang, em Anapu e do sindicalista José Dutra da Costa, conhecido com Dezinho, Rondon do Pará

No dia 10 de outubro, uma manobra adiou por uma semana o julgamento do de Wellington de Jesus Silva, acusado da execução do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, sudeste do estado, José Dutra da Costa, há seis anos atrás. A defensora pública Marilda Cantal, que acompanha o caso desde o início foi substituída por dois advogados.

A defensora mostrou-se perplexa, ante o anúncio da contratação dos renomados e caros advogados, entre eles Américo Leal. O mesmo advogou na defesa dos oficiais que comandaram o Massacre de Eldorado dos Carajás, e Eduardo Imbiriba. Com que interesse alguém praticaria altruísmo dessa modalidade?

É conhecida a ausência de condições financeiras do pistoleiro, que iria receber dois mil reais pela execução do sindicalista. O caso vai a julgamento no próximo dia 16, segunda feira. Américo Leal declarou à imprensa que foi a irmã do acusado que o contatou.

No dia da execução da Dezinho, o mesmo conseguiu travar luta corporal com Silva, depois de baleado. Na luta os dois caíram numa vala, e o corpo do sindicalista ficou sobre o de Silva. No momento populares iniciaram um linchamento, que foi impedido pela viúva, Maria Joel. Por conta do apelo de Joel, o pistoleiro não foi morto. A viúva argumentou que o mesmo teria de delatar quem havia encomendado a morte de Dezinho.

Mobilização – A morosidade nos casos em que são instaurados inquéritos policiais, a parcialidade do trato da justiça, são denunciados amiúde ao longo de mais de três décadas de registros da CPT. O caso de Dezinho, como outros, foi encaminhado à Organização dos Estados Americanos (OEA). Na próxima segunda, as entidades garantem a mobilização de duas mil pessoas.

Terra encharcada de sangue

Ao longo dos anos o sul e sudeste do Pará ficaram imortalizadas como onde mais de mata gente empenhada na luta pela reforma agrária no país. Os derradeiros tem-se registrado o deslocamento para o oeste do estado. Numa região abundante em terras e recursos naturais, a Terra do Meio. Lá foram mortos Dema, Brasília, Irmã Dorothy, sem falar numa chacina em 2003.

Nu último sábado a lista ganhou mais um caso. Trata-se do vereador Gerson Cristo (PT), 40 anos, que denunciava havia anos a grilagem de terras, a devastação da floresta amazônica e a exploração ilegal de madeira, foi assassinado com três tiros na cabeça, no sábado, por dois pistoleiros que estavam de motocicleta, em São Félix do Xingu, no sul do Pará.

Rogério Almeida é colaborador do Forum Carajas, 12-10-06

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