Brasil: árvores nativas no lugar de milho transgênico

Idioma Portugués
País Brasil

No final da 5ª Jornada de Agroecologia, camponeses fazem ação direta em área da transnacional Syngenta e plantam 5 mil mudas. A empresa é denunciada por praticar crime contra a Lei de Biosegurança, fazendo pesquisa e plantio de soja e milho transgênico, a 6 quilômetros do Parque Nacional do Iguaçu

Pedro Carrano, de Curitiba (PR) - A chuva que caía no domingo, dia 11, não impediu que os 5 mil participante da 5ª Jornada de Agroecologia marchassem da entrada da cidade de Santa Teresa do Oeste até a área da transnacional suíça Syngenta, ocupada pela Via Campesina desde 14 de março deste ano.

A empresa é denunciada por praticar crime contra a Lei de Biosegurança, fazendo pesquisa e plantio de soja e milho transgênico, a 6 quilômetros do Parque Nacional do Iguaçu (reserva considerada patrimônio da humanidade), quando o limite da zona de amortecimento seria de 10 mil metros.

Organizados em fileiras, os camponeses chegaram à sede da empresa, para assim encerrar as atividades da Jornada de Agroecologia, realizada de 7 a 10 de junho, no Centro de Convenções, em Cascavel, com o tema "Construindo o Projeto Popular e Soberano para Agricultura".

A atividade começou com um ato simbólico, cobrindo o outdoor da empresa com a bandeira da Via Campesina; em seguida, foi realizado o plantio de 5 mil mudas de árvores nativas, num campo onde antes havia milho transgênico. "Estão querendo criar um novo modelo de agricultura, sem os camponeses", dizia uma das vozes do caminhão de som. Depois, várias pessoas puseram as mãos na terra úmida para plantar as mudas. Ainda debaixo de chuva, os agricultores dirigiram-se até um barracão onde foram distribuídas 10 mil toneladas de sementes crioulas de arroz, milho e feijão.

Na opinião de José Maria Tardin, representa da Jornada e integrante do MST, o ato é um momento de glória para os movimentos sociais, tendo em vista que a Syngenta cometeu crimes ambientais, além de promover o plantio de eucalipto e pinus. "Como resposta, estamos plantando 5 mil mudas de espécie nativa para recuperar o lugar", afirma. No futuro, o local também será transformado num centro de sementes criolas e educação em agroecologia.

Ainda segundo Tardin, a Jornada vem cumprindo dois objetivos: o primeiro de promover uma coalizão de organizações camponesas e civis que militam em torno da agroecologia. O segundo seria o despertar da agroecologia como um novo princípio de orientação, que venha a atingir mais pequenos produtores. "A jornada aponta nessa direção revolucionária no plano cultural, reorientando o nosso padrão geral com a vida", pensa.

Entre as razões e vantagens da agroecologia para a vida das pessoas, Tardin afirma que ela é capaz de ampliar o abastecimento das famílias camponesas e fomentar mercados locais.

Fonte: Brasil de Fato, 12-6-06

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