Brasil: começa o Encontro Nacional dos Povos do Campo: Por Dignidade e Justiça

Idioma Portugués
País Brasil

Com uma mística que representou a união das entidades e as conseqüências da devastação do meio ambiente, deu inicio o Encontro Nacional dos Povos do Campo: Por Dignidade e Justiça, que acontece em Brasília até o dia 25. A valorização da agricultura camponesa, a estratégia de dominação dos povos e do meio ambiente pelo agronegócio e pelas transnacionais também foi um dos pontos retratados na mística

Suzane Durães - Minga Informativa / MPA

O Encontro reúne integrantes das 45 entidades de camponeses/as, trabalhadores sem-terra, quilombolas e indígenas, de uma forma geral, que compõem o Fórum Nacional pela reforma agrária e Justiça no Campo (FNRA). De acordo com a representante da Via Campesina, Marina da Silva, os objetivos gerais do evento são: debater sobre a importância da Reforma Agrária; mobilizar as bases dos movimentos sociais e alertar a sociedade para o perigo do modelo perverso que gera a desigualdade social e a dominação econômica e política.

O presidente do Incra, Holf Hackbart, avaliou a iniciativa do FNRA como uma das ferramentas fundamentais para o avanço das políticas públicas para o campo”. “Estamos num momento conjuntural importante para o avanço ou retrocesso do processo da reforma agrária”, conclui Holf.

“A luta pela terra não é só das entidades do campo. Essa luta é dos povos latino-americanos!”. A afirmação é do conselheiro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno, que inspirado pelo sonho de Simon Bolívar de libertação dos povos da América Latina participou da abertura do Encontro. “Nesta mística bolivariana de libertação do continente, estamos ligados na luta não só pela terra, mas também pela dignidade do homem e da mulher. A sociedade procura dignidade e justiça”.

“O grileiro se apropria da terra e a transforma em agronegócio que produz para o acúmulo de riqueza. A bíblia diz que a terra é da comunhão, da fatura. A terra não pode ser um meio para escravizar quem nela trabalha”, afirma o conselheiro da CPT.

O coordenador técnico da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrandh) e relator nacional para os Direitos Humanos à Alimentação, Água e Terra Rural, Flávio Valente, também sugere a união das organizações. “As organizações representam uma grande força na luta por dignidade no campo. A luta é que garante as conquistas”. Durante o discurso, Flavio lembrou que o Brasil é um dos signatários dos tratados internacionais de direitos humanos. “Dessa forma a sociedade pode exigir que o governo cumpra com todos os acordos”. Ele ainda criticou a criminalização dos movimentos sociais, a falta de políticas públicas que garantam a soberania alimentar e a defesa do agronegócio por setores do governo. O coordenador concluiu sua fala incentivando os participantes a iniciarem uma campanha de denuncia contra as pessoas que usam o Judiciário para não permitir avanços na Reforma Agrária.

De acordo com o secretário executivo do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), Western Clay Peixoto, o Conselho tem refletivo e provocado as igrejas a se envolverem com as questões da terra para uma sociedade mais justa. “Estamos trabalhando na perspetiva de lutar em favor de quem está produzindo na terra, principalmente, os mais excluídos”, disse.

Fuente: Comunidad Web de Movimientos Sociales, 25-7-06

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