Brasil: governo aprova milho com mais veneno

Por AS-PTA
Idioma Portugués
País Brasil

Depois do aval da CTNBio, agora foi a vez dos órgãos federais de registro de agrotóxicos autorizarem a aplicação de herbicidas sobre o milho transgênico.

 

O milho Liberty Link da Bayer foi aprovado pela CTNBio em 2007 contra manifestações formais do Ibama e da Anvisa, mas seu cultivo foi suspenso em julho passado pela Justiça a partir de ação da AS-PTA, Terra de Direitos, Idec e ANPA. Nesse meio tempo foi concedida autorização para que agrotóxicos à base de glufosinato de amônio fossem aplicados sobre essa variedade de milho modificado.

 

Para estes produtos, de classe toxicológica III, foi definido Limite Máximo de Resíduo (LMR) de 0,05 mg/kg nas culturas transgênicas e Ingestão Diária Aceitável (IDA) de 0,02 mg/kg. Curiosamente, o prazo entre a aplicação do veneno e a colheita ou comercialização do produto é maior para o algodão do que para o milho e a soja. O chamado intervalo de segurança é de 116 dias para o algodão transgênico, de 30 para o milho e de 10 para a soja Liberty Link.

 

No caso do milho Roundup Ready 2 (NK603) da Monsanto, a mudança no registro do herbidica glifosato foi divulgada dia 11 pelo Ministério da Agricultura.

 

O limite de resíduo para o glifosato, de classe toxicológica IV, foi multiplicado por 10, saltando de 0,1 para 1,0 mg/kg. O intervalo de segurança para a cultura foi fixado em 90 dias. A Ingestão Diária Aceitável é de 0,042 mg/Kg.

 

A título de comparação, o resíduo de glifosato para o feijão comum é de 0,05 mg/kg.

 

No caso do algodão resistente ao glifosato, o resíduo permitido é de 3,0 mg/kg e o intervalo de segurança é de 130 dias.

 

Antes da liberação da soja Roundup Ready, o resíduo permitido para a cultura era de 0,2 mg/kg. Mas este valor foi aumentado em 50 vezes para tornar legalmente aceitável a soja que passou a ser colhida com cada vez mais resíduo de agrotóxicos em função do uso das sementes modificadas. O prazo de carência para a cultura é de 56 dias.

 

Diversas pesquisas já mostraram o impacto do glifosato à saúde, revelando que exposições breves ao Roundup causaram danos no fígado de ratos e que o glifosato age em sinergia com os demais ingredientes do herbicida aumentando os danos ao fígado. Também já foi demonstrado que o produto apresenta toxicidade a células da placenta em concentrações inferiores às empregadas nas lavouras comerciais e que mesmo em concentrações subtóxicas o produto age como desruptor endócrino.

 

Diante de todos esses fatos, a Monsanto afirmou em nota sobre a mudança do registro do glifosato para o milho que sua tecnologia “permite uma redução do número de aplicações de herbicidas com aumento de rentabilidade”.

 

Fuente: AS-PTA

Temas: Agronegocio

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