Brasil: atingidos por barragens realizam seminário na Amazônia

Por MAB
Idioma Español
País Brasil

Nos dias 22 e 23 de novembro aconteceu em Marabá/PA o seminário "Em Defesa da Amazônia e das Comunidades Atingidas". Os objetivos da atividade foram analisar o modelo de produção de energia por hidrelétricas e fazer uma contextualização política e econômica da região de Carajás, no sudeste do Pará

A energia gerada em hidrelétricas é um dos principais produtos de exploração da região amazônica em geral, e do Pará em particular, pois nesse estado localiza-se a maior hidrelétrica originalmente nacional, a UHE de Tucuruí, planejada no regime militar para garantir o funcionamento das indústrias de produção de alumínio como a Vale e a Alcoa. Ou seja, enquanto 75% da energia de Tucuruí é exportada, ainda hoje grande parte da população local vive sem acesso à luz elétrica. E como não foram indenizadas pela construção da obra, centenas de famílias atingidas vivem nas ilhas formadas com o enchimento do lago, sem acesso à transporte, água potável, educação, saúde e outros.

Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Amazônia tem sido alvo de grandes barragens e, mesmo com a crise internacional e a queda nacional de demanda de energia, o governo insiste na construção das obras, como é o caso das barragens previstas para o rio Madeira, Tapajós e Xingu. Além desses três rios, o Rio Tocantins também tem se transformado em uma espécie de escada com a construção de várias usinas, entre elas as hidrelétricas de Lajeado, Peixe Angical, São Salvador e Estreito.

Segundo informações do site Canal Energia, o presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, já entregou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) os estudos de inventário das cinco usinas que farão parte do complexo do rio Tapajós. Os moradores e lideranças do MAB estão preocupados com o pedido da Aneel ao Ibama para que os estudos e relatórios de impacto ambiental sejam emitidos em conjunto. "Essa é uma porta para a entrada em massa dessas grandes empresas nas bacias hidrográficas de todo o país, não permitiremos que aqui se faça esse tipo de experiência e os atingidos por barragens de todo o Brasil se levantarão contra essa medida", disseram lideranças do MAB presentes no seminário, em Marabá.

Ainda no encontro, o MAB tomou como posição reafirmar que o momento não seria do governo continuar incentivando a construção de novas obras, principalmente as da Amazônia, e sim de investir recursos para as possíveis alternativas no setor energético que contemplasse uma ampla re-potenciação das usinas já existentes, que segundo estudos do professor Célio Berman, da Universidade de São Paulo, poderia agregar mais 8 mil Megawatts ao sistema elétrico nacional sem construir nenhuma usina nova.

Porém, essa não é a previsão. Recentemente, o presidente da Eletrobrás disse que, com a construção da UHE de Belo Monte, por exemplo, a empresa vai propor ao governo o direcionamento de recursos adicionais para garantir o desenvolvimento do entorno do lado dessa usina, porém esse adicional seria obtido por meio da tarifa final da energia da usina, o que, para representantes do MAB, é mais uma falácia, pois quem paga o alto preço da luz, no final das contas, é o trabalhador brasileiro.

MAB, Internet, 26-11-08

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