Greenpeace lança quarta edição do Guia do Consumidor: 28 novas indústrias de alimentos

Na nova edição, 56% das empresas não garantiram produtos livres de transgênicos; lista verde de indústrias aumentou, mas consumidor precisa ficar atento à rotulagem

GUIA DO CONSUMIDOR - PRODUTOS COM OU SEM TRANSGÊNICOS Greenpeace Brasil

À bordo do navio Arctic Sunrise, o Greenpeace lançou hoje a quarta edição do Guia do Consumidor - lista de produtos com ou sem transgênicos (1), que traz 28 empresas a mais do que a edição anterior. Das 108 indústrias de alimentos presentes na nova versão, 56% (60 empresas) estão na lista vermelha - ou seja, não garantiram aos consumidores que seus produtos derivados de soja ou milho estão livres de matéria-prima transgênica. Na edição anterior esse índice era de 61%.

O lançamento contou com a presença de ativistas do Greenpeace que, de olhos vendados, denunciaram companhias que ainda não adotam medidas de controle para garantir que seus produtos cheguem livres de transgênicos aos consumidores. É o caso da empresa Bunge, detentora das marcas Soya, Delícia, Mila, Primor, Sol e Suprema, entre outras. A indústria holandesa, que fatura R$ 12 bilhões por ano no Brasil, adota na Europa uma política contra o uso de transgênicos, e realiza o controle em toda a sua produção de alimentos - inclusive naqueles destinados à alimentação dos porcos europeus. Já no Brasil, a empresa não faz nenhum tipo de verificação em relação aos produtos transgênicos para os produtos que coloca nas prateleiras dos supermercados. Após o lançamento do guia no Arctic Sunrise, os ativistas do Greenpeace seguiram para o Mercado Público de Porto Alegre para distribui-lo à população.

Na quarta edição do Guia do Consumidor, cresceu o número de empresas na lista verde, ou seja, aquelas que se comprometeram a não utilizar matéria- prima transgênica na fabricação de seus produtos. Na versão anterior, essas indústrias representavam 39% do total, contra 44% (48 companhias) na atual. "De fato, a pressão dos consumidores é fundamental para garantir um meio ambiente e uma alimentação livre de transgênicos. Foi graças à pressão dos brasileiros que grandes indústrias, como a Nestlé, a Kraft e a Unilever, garantiram que não utilizam transgênicos em seus produtos", disse Gabriela Couto, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.

Rotulagem

O Guia do Consumidor continua sendo a principal ferramenta para os brasileiros que querem evitar o consumo de transgênicos. "A lei de rotulagem, apesar de já estar em vigor, não foi implementada - parte por negligência do governo e parte por desrespeito das indústrias de alimento em relação ao direito do consumidor à informação", afirmou Gabriela.

O decreto e a portaria federais que determinam como deve ser feita a rotulagem dos produtos transgênicos (2) começaram a valer no início de abril, mas o governo ainda não sabe como implementá-los. De acordo com o decreto, todos os produtos que contenham mais de 1% de matéria-prima transgênica, devem ter um rótulo específico, que contenha o símbolo transgênico em destaque, junto com as seguintes frases: "(produto) transgênico" ou "contém (matéria-prima) transgênico".

O decreto determina ainda que produtos que tenham sido fabricados a partir de transgênicos, mesmo que não contenham o DNA transgênico em sua composição final, devem trazer a frase "fabricado a partir de (produto) transgênico" em seu rótulo. Isso porque o DNA de muitos produtos é destruído em seu processo de fabricação, o que inviabiliza a detecção do gene transgênico. É o caso dos óleos, margarinas e das lecitinas de soja usadas em chocolates, por exemplo. Além disso, os produtos de animais alimentados com transgênicos (como leite, ovos e carne)também devem trazer no rótulo a informação "produto de animal alimentado com transgênico".

"O que vemos hoje é que algumas empresas estão adotando controle simplesmente para aqueles itens em que é possível detectar o DNA transgênico no produto final. É assim também que o governo está implementando a fiscalização da lei de rotulagem", analisou Gabriela. "Mas isso é uma vergonha. O consumidor tem o direito de saber se o produto que está comprando usou matéria-prima transgênica em alguma etapa de sua fabricação".

Desde a primeira edição do Guia do Consumidor, publicada em maio de 2002, foram distribuídas 270 mil cópias impressas e foram feitos mais de 600 mil downloads no site do Greenpeace. O guia conta com pontos de distribuição em 13 cidades de todo o Brasil e pode ser reproduzido livremente. Segundo pesquisa do Ibope realizada em dezembro de 2003, 74% dos brasileiros não querem comer transgênicos (3).

NOTAS

(1) O Guia do Consumidor está disponível para download em formato (PDF): http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/guia_consumidor_4.pdf

(2) Decreto 4680, de 24 de abril de 2003, e Portaria 2658, de 22 de dezembro de 2003.

(3) Pesquisa Ibope, realizada com dois mil brasileiros em dezembro de 2003. A íntegra da pesquisa está disponível para download (PDF): http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/pesquisaIBOPE_2003.pdf

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