Hamburgo, ditadura global e protestos
A BBC reportou: “Os choques começaram quando a polícia atacou um grupo de manifestantes anticapitalistas numa marcha em que milhares de pessoas portavam cartazes com slogans como ‘Bem-vindos ao inferno’ e ‘Esmagar o G20’. Os soldados dispararam canhões de água e spray de pimenta contra manifestantes mascarados, que responderam com garrafas, pedras e fogos de artifício.”
Como a segunda maior cidade alemã foi cercada pela polícia para blindar a reunião do G-20. Nos enfrentamentos, sinais de um novo ciclo global de grandes manifestações?.
Em contraste com as imagens dramáticas da tropa de choque alemã usando gás lacrimogênio e canhões de água hiper-turbinados para dispersar os manifestantes contra o encontro do G-20, no fim de semana, a mensagem dos protestos nas ruas foi clara, para os que estão dispostos a ouvir: outro mundo é possível.
Dezenas de milhares de pessoas foram a Hamburgo, protestar contra o G-20, um fórum internacional de governantes e bancos centrais das vinte maiores economias. Os protestos tentavam desafiar as políticas adotadas pelas elites globais e a extrema-direita. Em meio à chegada dos governantes, as autoridades alemãs foram criticadas pelas medidas de segurança extremas no encontro, que começou oficialmente na sexta-feira, 7/7.
A Coordenação Internacional NoG20, que convocou as manifestações, lançou comunicado afirmando: “As políticas do neoliberalismo e da guerra são decididas no coração das nossas cidades, fechadas para as pessoas, blindadas por uma força policial militarizada e favorecida pela suspensão dos direitos políticos. Este bloqueio da democracia tem um único objetivo: defender o indefensável. Nossas manifestações falam em favor de um mundo diferente”.
Antes do encontro, a polícia cercou uma enorme área de protestos proibidos, com 38 quilômetros quadrados, abrangendo o aeroporto e o centro de convenções, para afastar dos governantes as milhares de pessoas que protestavam contra o encontro. “É constrangedor saber que alguns dos piores políticos do mundo, e dos mais antidemocráticos, estão chegando a minha cidade. Mas as restrições impostas pelos políticos alemães e pelas autoridades policiais tornam difícil protestar”, disse ao jornal londrino The Guardian, George Letts, um dos muitos moradores de Hamburgo que participaram dos protestos.
A BBC reportou: “Os choques começaram quando a polícia atacou um grupo de manifestantes anticapitalistas numa marcha em que milhares de pessoas portavam cartazes com slogans como ‘Bem-vindos ao inferno’ e ‘Esmagar o G20’. Os soldados dispararam canhões de água e spray de pimenta contra manifestantes mascarados, que responderam com garrafas, pedras e fogos de artifício.”
“G20: Benvindo ao Inferno” foi o slogan adotado por um grupo de ativistas anticapitalistas – um dos muitos grupos que anunciaram manifestações em Hamburgo. A primeira marcha da coalizão, marcada para 6/7, foi oficialmente cancelada em meio a choques com a polícia, mas muitas pessoas permaneceram nas ruas. Houve relatos de ferimentos entre a polícia e os manifestantes, muitos dos quais tentaram fugir das áreas de protesto após a violência policial.
Houve protestos pacíficos nos dias anteriores, o que realçou as reivindicações urgentes dos manifestantes para que os membros do G20 encerrem as políticas neoliberais e xenofóbicas sobre guerra, imigração, política ambiental e diversos outros temas.
Em 5/7, mil “zumbis”, totalmente cobertos com argila cinzenta, saltitaram e se arrastaram pelas ruas de Humburco. Estes manifestantes multiplicaram-se pelas ruas da cidade nos dias anteriores, o que culminou numa marcha conta a “apatia política” e os “impactos destrutivos do capitalismo”.
Para milhões de telespectadores que assistem a vídeos violentos sobre as manifestações, nas telas de TV de todo o mundo, os ativistas que encheram as ruas da Alemanha oferecem visões complexas e provocativas sobre as superpotências desenvolvem suas políticas e impõem suas agendas.
“As melhores ideias, para quem deseja construir políticas verdadeiramente democráticas cruzando as fronteiras nacionais, não virão provavelmente das cúpulas oficiais do G20 – mas poderão ser entrevistas nas ruas de Hamburgo”, escreveram Lorenzo Marsili e Giuseppe Caccia para a revista Policy Critique. Segundo eles, “a crise da governança global oferece também a chance de ir além de um sistema que, em primeiro lugar, nunca funcionou de fato.
Nick Dearden, da Rede de Justiça Global, disse à revista eletrônica Democracy Now!, em 6 de julho: “Estamos falando sobre como construir um mundo alternativo. O ruído de fundo é o do ativismo, e todo mundo aqui é muito consciente. Ele completou: “Muitas pessoas estão, é claro, amedrontadas. Mas tudo o que está acontecendo no mundo de hoje é amedrontador. Estamos sob o caos, e Donald Trump é um símbolo disso. Mas, ao mesmo tempo, há mais potência do que tenho visto há muito tempo, em torno de que precisamos construir algo a mais, algo muito diferente.”
- A tradução é de Antonio Martins.
- Foto por Alvaro Minguito.
Notas relacionadas:
Israel continúa expandiendo su ocupación en Gaza a pesar del alto al fuego
Seis huelguistas hospitalizados en Reino Unido tras 39 días sin respuesta del Gobierno
La sociedad civil pide la liberación urgente de los miembros de La Vía Campesina en Palestina