Brasil: não basta divulgar listas. É preciso estratégia, afirma ambientalista

Idioma Portugués
País Brasil

Para Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), a divulgação por si só de uma lista de desmatadores não é suficiente sem sua qualificação. “Falta estratégia sobre o que se vai fazer a seguir"

A entrevista é de Cristina Amorim

Como você vê a divulgação de uma lista de responsáveis pelo desmatamento?

Isso só demonstra, pela divulgação da lista associada às medidas que o ministro (do Meio Ambiente, Carlos Minc) anunciou, que a gente continua trabalhando a questão do desmatamento na lógica do comando e controle, e que a gente não consegue avançar em outras ações, de desenvolvimento socioeconômico, que mudem a realidade do que está acontecendo no chão.

A divulgação de uma lista com nome e sobrenome dos responsáveis, ou de um órgão, como no caso do Incra, amplifica as ações de comando e controle?

Só se, após a lista, houver a garantia do pagamento das multas, a responsabilização das pessoas e a destinação da área. Falta qualificar essa lista. Falta estratégia sobre o que será feito a seguir. E as medidas anunciadas pelo ministro não trazem muitas novidades em relação ao que já vinha sendo feito. Essa comissão interministerial, por exemplo, acredito que não seja nada mais, nada menos que grupo interministerial que já é responsável pelo plano (de combate ao desmatamento na Amazônia). O que é preciso é reconhecer que o índice de desmate está crescendo, que falta complementar a estratégia com ações mais efetivas e dizer quais são.

O ministro responsabiliza a proximidade das eleições pelo aumento do corte em relação ao mês anterior. Você concorda?

A gente sabe, por dados históricos, que há um aumento do desmatamento em anos eleitorais. Isso já era conhecido. Ao mesmo tempo, foram tomadas tantas medidas de contenção que havia expectativa de que elas dessem conta do recado. Mas há uma questão que não está sendo muito destacada: estamos vendo os índices de desmatamento crescendo num momento em que foi feita a descentralização (da concessão de licenças para corte, que saiu da esfera federal e passou para a estadual). Então é preciso trabalhar mais com esses Estados para ver como eles estão atuando e como as políticas estaduais estão contribuindo para esse aumento.

Instituto Humanista Unisinos, Internet, 1-10-08

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