Que fim levaram os fazendeiros?

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A globalização da indústria e do comércio está uniformizando cada vez mais a gestão das terras mundiais e ameaçando a diversidade de lavouras, ecossistemas e culturas. À medida que a agricultura industrial se alastra, quem lavra sua própria terra – e quase sempre quem a melhor maneja – é forçado à servidão ou expulso

WWI - Worldwatch Institute

Desde 1992, o Corpo de Engenharia do Exército dos Estados Unidos vem desenvolvendo planos para ampliar o sistema de diques e comportas ao longo do Rio Mississipi. O Mississipi é a principal via de escoamento da soja americana para os mercados mundiais â?? cerca de 35.000 toneladas por dia. Estes planos significam despejar cerca de 1,2 milhões de toneladas de concreto para ampliar dez das comportas, de 180 para 360 metros cada, como também reforçar vários espigões que estreitam o rio, mantendo as barcaças de soja em movimento e evitando a sedimentação. Esta construção complementaria as dragas já existentes que retiram 85 milhões de metros cúbicos de areia e lama do fundo e das margens do rio a cada ano. Vários níveis diferentes de â??aperfeiçoamentoâ? do rio foram considerados, porém o mais ambicioso supostamente reduziria o custo do transporte de soja de 4 a 8 centavos de dólar por bushel [35,24 litros]. Alguns analistas independentes consideram este plano impraticável.

Aproximadamente na mesma época em que o projeto para o Mississipi foi anunciado, os cinco países da Bacia do Prata, na América do Sul â?? Bolívia, Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai â?? anunciaram planos para a dragagem de 13 milhões de metros cúbicos de areia, lama e pedra, em 233 locais ao longo do Rio Paraguai - Paraná.. Esta quantidade daria para encher um comboio de caminhões basculantes de 16.000 quilômetros de extensão. Aqui, o projeto é alinhar a sinuosidade natural do rio em pelo menos sete locais, construir dezenas de comportas e um grande porto no coração do Pantanal â?? a maior região alagada do mundo. O Paraguai - Paraná flui pelo centro da emergente região de soja do Brasil â?? atrás apenas dos Estados Unidos em produção e exportação. De acordo com declarações do Governo do Estado do Mato Grosso, esta hidrovia dará um maior incremento à capacidade de exportação de soja da região.

Lobistas para ambos os projetos argumentam que a expansão da capacidade de navegabilidade das barcaças nesses rios é necessária, a fim de proporcionar maior competitividade, conquistar fatias de mercado e retirar os fazendeiros (americanos ou brasileiros, dependendo a quem os lobistas estejam se dirigindo) de sua pior crise financeira desde a Grande Depressão. Chris Brescia, Presidente da Midwest River Coalition 2000, uma aliança de transportadoras de produtos primários que compõe a principal força lobista do projeto do Mississipi, diz, â??Quanto mais cedo fornecermos uma estrutura hidroviária, mais cedo nossos fazendeiros se beneficiarão.â? Alguns dos seus colegas lobistas chegam a argumentar que esses projetos são essenciais para a alimentação mundial (uma vez que as barcaças poderão acelerar o envio da soja para as massas famintas globais) e para a salvação do meio-ambiente (uma vez que as massas famintas não terão que desmatar as florestas para extrair sua própria subsistência).

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