Banquetaço: Cúpula dos Povos doa comida em praça pública durante COP30

Idioma Portugués
País Brasil

Enormes mesas fartas foram instaladas na Praça da República, em Belém, com alimentos vindos da agricultura familiar, de movimentos sociais e coletivos ligados à luta pela terra, à agroecologia e à soberania alimentar.

“Esse banquete foi construído por mãos que lutam, por mulheres que se organizam. Aqui não tem soja do agronegócio, não tem ultraprocessados que nos matam todos os dias. Nós lutamos pela terra para produzir alimentos e garantir nossa soberania alimentar”, declarou Beatriz Luz, da direção nacional do  Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

No cardápio, carne e caldo de pirarucu, carne e farofa de bode, cabrito paraense, arroz com galinha, cará branco, saladas variadas, biscoitos de araruta, entre outras receitas típicas da Amazônia.

“Comida saudável é direito do povo, dever do Estado e um compromisso camponês”, declarou Telma Cristina Pinho Pinheiro, da Cozinha Solidária Mãos de Mulheres, do Movimento Camponês Popular (MCP).

“Passamos três dias preparando essas delícias e hoje apresentamos que é possível plantar também em áreas urbanas, sem veneno, por isso trouxe vatapá vegano, pirarucu no tucupi e pirarucu na folha de bananeira. Estou muito emocionada por trazer os frutos das hortas urbanas da periferia de Belém”, declarou Zira Furacão, do coletivo Irmãs da Horta.

Soluções reais

A proposta da  Cúpula dos Povos é garantir que a estrutura do próprio evento reflita os valores que defende como  soluções reais experimentadas nos territórios, com a economia popular e o respeito aos modos de vida da produção local de alimentos.

Ana Maria, que atua na coletiva seletiva da Cúpula dos Povos, aprovou o caldinho de macaxeira servido no banquetaço. Crédito: Mariana Castro

Trabalhadora da coleta seletiva durante os cinco dias da Cúpula dos Povos, Ana Maria Dias faz parte da Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis de Marituba e garantiu o seu caldinho de macaxeira.

“É muito importante a gente fazer a limpeza para o solo não contaminar, e eles poderem plantar e colher uma verdura saudável, eu estou achando incrível e também contribuo com isso”, conta Ana Maria.

Por meio do banquetaço, os movimentos apontam que a luta climática passa, necessariamente, pela luta contra a fome e pela valorização de práticas agroecológicas construídas por povos e comunidades tradicionais.

“Esse banquetaço celebra o encontro dos povos, onde nós, do mundo inteiro, nos reunimos para dizer que é possível construir novas humanidades, baseadas no respeito. É para dizer que tem muita gente com fome e se tem gente com fome: vamos dar de comer!”, declarou Maria Raimunda, da direção nacional do MST.

Ao servir comida para quem mais precisa, os movimentos denunciam a violência da fome que aumenta com os eventos climáticos extremos e com o sistema que alimenta esses impactos. Também reafirmam a centralidade da soberania alimentar como pilar da justiça social e climática no Brasil.

Denise Amador faz parte do Mutirão Agroecológico do Rio de Janeiro. Crédito: Mariana Castro

“É uma potência incrível mulheres que são invisibilizadas apresentarem essa biodiversidade. É emocionante comer esse alimento, ver a alegria delas oferecendo, e a gente aqui vendo a agricultura familiar como central para combater a crise climática”, explica Denise Amador, do Mutirão Agroecológico do Rio de Janeiro.

Editado por: Monyse Ravena

Fonte:  Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Temas: Soberanía alimentaria

Comentarios