Infância camponesa em movimento: o MMC realiza seu I Congresso Nacional da Infância junto ao II Congresso Nacional do Movimento

Idioma Portugués
País Brasil

Entre os dias 13 e 15 de outubro, a Granja do Torto, em Brasília/DF, se transformou em um território fértil de esperança, luta e afeto. Mulheres e crianças de todo o país se reuniram para o II Congresso Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC Brasil) — um marco histórico que reafirmou o compromisso coletivo pela vida, pela terra e pela soberania alimentar. E, como uma semente que brota do cuidado e da organização, nasceu dentro desse grande encontro o I Congresso Nacional da Infância Camponesa do MMC, um espaço político-pedagógico dedicado às crianças camponesas, que desde cedo aprendem o valor da solidariedade, da justiça e do amor à terra.

Um novo capítulo na história do MMC

Criado para garantir que mães e responsáveis pudessem participar plenamente do II Congresso Nacional, o espaço das crianças foi muito além de um local de acolhimento. Com uma programação especialmente pensada por educadoras, militantes e dirigentes de todos os estados, o Congresso da Infância se tornou um território de aprendizado, convivência e consciência coletiva.

“Foi um desafio e uma alegria imensa organizar essa primeira experiência”, contou Rosmari Marinello dos Santos, coordenadora do I Congresso da Infância Camponesa e liderança do MMC em Xaxim (SC). “Tivemos 127 inscrições, entre bebês e adolescentes de até 15 anos. Trabalhamos a história do Movimento pela visão das crianças — o que elas aprendem em casa, com suas famílias, e os desafios de viver no campo. Foi tudo muito espontâneo, cheio de afeto e de reflexão sobre respeito, igualdade e valorização das mulheres”.

Aprender brincando, refletir lutando

Durante os três dias de atividades, as crianças participaram de rodas de conversa, contação de histórias, brincadeiras, oficinas sobre sementes crioulas, plantas medicinais, agroecologia e educação popular. Entre uma música e outra, surgiam reflexões profundas sobre temas como violência contra as mulheres, racismo, preconceito e a importância da solidariedade nas comunidades rurais.

Para Zenaide, também coordenadora da atividade, o Congresso foi um espaço de trocas poderosas:

“Refletimos com as crianças sobre o porquê do Movimento existir, e elas trouxeram com muita clareza o que vivem no dia a dia — o preconceito, o machismo, o patriarcado. E mostraram o quanto desejam uma vida mais harmoniosa, com diálogo e respeito entre as famílias. Foi emocionante ver o quanto compreendem e se sentem parte dessa luta”.

A presença que inspira: visita do Ministro Márcio Costa Macêdo

Um dos momentos mais marcantes do I Congresso da Infância Camponesa foi a visita do Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Costa Macêdo.

A presença do ministro simbolizou o reconhecimento da importância do MMC e da luta das mulheres e das crianças camponesas na construção de um Brasil mais justo e solidário.

O ministro foi recebido com alegria pelas crianças, que apresentaram suas atividades, cantos e desenhos sobre o que aprenderam nos dias de congresso. Para elas, o encontro foi motivo de orgulho e esperança.

Carla Bianca, 11 anos, de Chapecó (SC), resumiu o sentimento coletivo ao contar empolgada: “Foi meu primeiro congresso da infância camponesa. Aprendi sobre o racismo e sobre a violência contra as mulheres — e o ministro Márcio Macˆdo veio nos visitar aqui em Brasília! Foi muito especial”.

A visita reforçou o compromisso do governo com as pautas do campo, com a valorização da agricultura familiar camponesa e com o fortalecimento das políticas públicas voltadas às mulheres e crianças camponesas.

As vozes do futuro camponês

As falas das crianças mostraram o quanto o I Congresso foi mais do que um espaço de aprendizado: foi um verdadeiro encontro de gerações e de valores.

Emily, 11 anos, de Rondônia, contou que quer levar o que aprendeu “para lutar contra a violência com as mulheres e com o povo negro”.

Amarílis, 12 anos, do Paraná, disse que “foi uma grande lição, porque agora entende por que as mães lutam e por que é importante que as crianças participem também”.

Outras crianças falaram com orgulho de suas raízes. Maria, de apenas 7 anos, descreveu o quintal de sua casa em Flores de Goiás — “pé de banana, caju, maracujá, mamão e abacate” — como se falasse de um tesouro. Isadora, de Palmares (PE), contou que “o quintal é importante porque é dali que vem o alimento que a gente come”.

Essas vozes mostraram que a consciência camponesa floresce cedo — e que o cuidado com a terra e com as pessoas anda lado a lado com o aprendizado.

Sementes plantadas para o amanhã

Mais do que garantir um espaço acolhedor para as crianças, o I Congresso da Infância Camponesa reafirmou que elas são sujeitos políticos, parte ativa da luta das mulheres por um mundo mais justo, igualitário e solidário.

O MMC, ao abrir esse novo capítulo em sua história, demonstra que o futuro do campo está sendo cuidado com as mesmas mãos que cultivam as sementes e defendem a vida. “Essas crianças são o amanhã do Movimento”, afirmou Rosmari. “Trabalhar com elas desde pequenas é garantir que o MMC continue florescendo, com força, ternura e consciência”.

No encerramento, entre cantos, risadas e muita emoção, mães e filhos reafirmaram juntos o que o MMC tem dito há décadas: a luta pela vida, pela terra e pela dignidade é também uma luta de amor — amor à natureza, às mulheres, às crianças e ao futuro.

O I Congresso Nacional da Infância Camponesa do MMC foi mais do que um espaço de recreação. Foi uma escola de futuro, um celeiro de sonhos e de consciência coletiva, onde cada criança aprendeu, na prática, que o mundo pode ser transformado com as mãos, com o coração e com a força da organização popular.

Fonte:  Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)

Temas: Comunicación y Educación, Feminismo y luchas de las Mujeres, Movimientos campesinos, Tierra, territorio y bienes comunes

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