Via Campesina lança campanha mundial pelo fim da violência contra mulheres

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O neoliberalismo seria a causa da violência contra as mulheres? "Não sei se podemos dizer que é a causa, mas certamente é o principal agravante. Ele impõe um estilo de vida, a cultura da violência, alimenta a indústria da beleza, gera pobreza e miséria. Tudo isto está diretamente relacionado com a violência contra a mulher" afirmou Sérgia Galván, do Movimento de Mulheres Afro, da República Dominicana, durante a III Assembléia das Mulheres da Via Campesina, em Moçambique.

Sérgia trouxe ainda dados da Organização Mundial da Saúde que mostram a violência no mundo. 60% das vítimas de violência sexual são mulheres jovens. Nos EUA, A cada 6 minutos, uma mulher sofre algum tipo de violência. Na América Latina, de 30 a 60% das mulheres foram violentadas por parentes.

Diante desses elementos, as mulheres da Via Campesina lançaram a Campanha Mundial Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, na 5ª Conferência Internacional do movimento. "Ao lutarmos contra essa violência temos que lutar contra o neoliberalismo, que fortalece a opressão e a violência contra nós mulheres", disse Sérgia Galván. Segundo o texto de apresentação da Campanha, "neste modelo de sociedade as mulheres sofrem mais, pois a elas foram delegadas as tarefas de cuidado com a família, a educação dos filhos e o trabalho doméstico. A sobrecarga destas responsabilidades somada ao trabalho profissional impõe às mulheres uma tripla jornada de trabalho".

Adriana Mezarios, do Movimento das Mulheres Camponesas do Brasil, apontou os mecanismos que o capitalismo e o patriarcado utilizam para dominar as mulheres. Segundo ela, a dependência econômica– causada pelo desemprego ou subemprego; o casamento e a religião – que colocam a mulher como uma propriedade dos homens; o controle sobre o corpo – que determina se a mulher tem que ter filhos ou não, além de lucrar com a prostituição, são alguns elementos que diminuem a participação política da mulher. "E quando estes mecanismos não funcionam, quando uma mulher se nega a algum tipo de dominação, usa-se a violência", concluiu.

A campanha tem como foco central todas as formas de violência, física ou psicológica, exercida contra as mulheres do campo, mas também quer dar visibilidade à violência praticada contra todas as mulheres do mundo. Ela terá um caráter de denúncia e pretende desmistificar a naturalização da violência. "Queremos mostrar que a violência é estrutural em uma sociedade capitalista e patriarcal", dizem as mulheres.

Além do lançamento da Campanha, a Assembléia das Mulheres da Via Campesina teve como objetivos garantir um enfoque de gênero na pauta geral da Via Campesina, aumentar a paridade de gênero nas instâncias da organização, fortalecer o envolvimento das mulheres na Comissão de Coordenação Internacional da Via Campesina e continuar socializando a situação das mulheres no campo.

Clique no link abaixo e leia a declaração final da III Assembléia de Mulheres da Via Campesina

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