Para ativistas, transgênicos não colaboraram para o fim d fome

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As plantações de transgênicos não tiveram muito impacto no combate à pobreza e à fome na África e em outras regiões do mundo, uma década depois dos primeiros cultivos significativos, disseram na terça-feira dois grupos antitransgênicos

O Centro para a Biossegurança da África e o Friends of the Earth (Amigos da Terra) disseram num relatório divulgado em Joanesburgo que não se concretizaram as promessas das empresas de biotecnologia de que os transgênicos proporcionariam alimentos de qualidade mais baratos para a África.

"Ao contrário das promessas feitas pela indústria da biotecnologia, a realidade dos últimos dez anos mostra que a segurança das lavouras de transgênicos não pode ser assegurada, e que essas safras não são nem mais baratas nem de qualidade melhor", disse Nnimmo Bassey, da Friends of the Earth da Nigéria.

"Os transgênicos não são a solução para acabar com a fome nem na África nem em lugar nenhum", disse ele no relatório.

A gigante da biotecnologia Monsanto rebateu a conclusão, afirmando que há milhares de benefícios documentados dos transgênicos na África do Sul, na China, na Índia e em regiões da América.

"Com a exceção da África do Sul, que ainda produz um superávit de alimentos, nenhum outro país pobre da África teve a oportunidade de plantar transgênicos -- eles ainda estão no processo de implementar a legislação regulatória", disse à Reuters Andrew Bennett, representante em Joanesburgo da Monsanto.

"Evidentemente essas tecnologias não tiveram a oportunidade de ter um impacto sobre a fome e a pobreza. Não é coincidência o fato de o único país da África que aprovou os transgênicos seja o único com superávit na produção de grãos e também seja capaz de fornecer alimentos para seus vizinhos", acrescentou Bennett.

Segundo o relatório, as lavouras de transgênicos na África não seriam uma solução para a fome porque a maioria das plantações disponíveis até agora visa à alimentação animal.

Segundo o documento, a batata-doce transgênica do Quênia, apresentada pelos pesquisadores como uma cultura importante para a agricultura africana, havia demonstrado pouco sucesso até o fim de janeiro de 2004.

O relatório também afirmou que, depois de dez anos de culturas de transgênicos, mais de 80 por cento da área cultivada com esse tipo de semente ainda se concentra em apenas três países -- Estados Unidos, Argentina e Canadá.

O cultivo intensivo de soja transgênica na América do Sul contribuiu para o desmatamento e já foi associado ao declínio na fertilidade do solo e à erosão, acrescentou o texto.

Bennett, da Monsanto, disse que seu grupo e outras empresas de tecnologia trabalham por lucro, mas que os ganhos proporcionados por seu trabalho podem ser verificados no mundo todo, onde 7 milhões de agricultores em 17 países já plantaram 81 milhões de hectares de lavouras transgênicas.

Último Segundo, Internet, 10-1-06

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