Brasil: Chico Mendes vive, por Grupo de Trabalho Amazônico

Nesta terça-feira, às 9 horas, acontece na Câmara dos Deputados uma sessão solene em homenagem ao seringueiro e líder ambientalista Chico Mendes - morto há quinze anos em Xapuri por seu pioneirismo na defesa de uma aliança dos povos da floresta e dos direitos e importância das comunidades tradicionais no futuro do meio ambiente

CHICO MENDES VIVE (1)

O convite chega assinado pelo presidente da casa, João Paulo Cunha, mas a iniciativa partiu da Comissão da Amazônia em pedido da deputada acreana Perpétua Almeida. Mais em www.camara.gov.br

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No Acre, a programação celebratória dos ideais de Chico Mendes ocupa espaços em Xapuri e Rio Branco com atividades culturais, políticas, religiosas e sociais. Entre os muitos eventos estará o lançamento de uma vinheta produzida pela Amazonlink para a Campanha Contra a Biopirataria (O Cupuaçu é Nosso), realizada com a Rede GTA e outros parceiros, que conta com depoimento da ministra Marina Silva. Mais em www.chicomendes.org.br e www.amazonlink.org/biopirataria

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Em Brasília, o Prêmio Chico Mendes - do Ministério do Meio Ambiente - vai ser entregue em sessão especial no dia 19 de dezembro com diversas atividades culturais. Os vencedores são indicados entre pessoas e instituições que colaboraram ativamente com a conservação do meio ambiente e das comunidades tradicionais ao longo do ano. Mais em www.mma.gov.br

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Do Rio de Janeiro o jornalista e escritor Zuenir Ventura (autor do livro Cidade Partida) promove o lançamento de seu novo livro chamado Chico Mendes: Crime e Castigo. De origem acreana, Ventura marca a passagem dos quinze anos de Chico com essa obra dividindo o foco com o livro Caminhando na Floresta, do advogado Gumercindo Rodrigues. E, em São Paulo, continua com grande acolhida o espetáculo musical "Chico Mendes e o Encantado".

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Para encerrar o cenário chicomendesiano, vale registrar um dos momentos finais da tenda paralela da Conferência Nacional do Meio Ambiente organizada por diversos movimentos amazônicos: o líder indígena Benk Ashaninka, que denuncia em Brasília a invasão das terras de seu povo por madeireiros peruanos, pegou um violão e subiu ao palco para cantar em seu próprio idioma o forró que Luiz Gonzaga compôs em homenagem a Chico Mendes. Quem viu não esquece. Mais em www.ecologiadigital.net

CHICO E AS COMUNIDADES AMEAÇADAS

A memória de Chico Mendes, que deve abranger todas as outras lideranças vitimadas pela violência do campo, deve ser celebrada como um autêntico sonho brasileiro para a Amazônia. As cenas, esquecidas pelos jornais e emissoras de televisão, das comunidades de Porto de Moz lutando contra as ameaças de madeireiras ilegais que dominam o governo local, mostram que esses ideais de justiça social e equilíbrio ambiental continuam atuais e válidos para centenas de outras comunidades que lutam pelas suas reservas extrativistas, pelas suas terras indígenas, pelos seus territórios quilombolas, por seus babaçuais, por seus lagos e rios. De acordo com o antropólogo Alfredo Wagner, convidado do GTA para a tenda amazônica, cerca de 200 milhões de hectares (um quarto do território brasileiro) são terras tradicionalmente ocupadas. Até quando as comunidades rurais deste país ainda deverão ser vítimas de criminosos ou da falta de direitos? Reforma agroecológica imediata. Mais em www.greenpeace.org.br e www.gta.org.br e www.justicaambiental.org.br e www.amazonia.org.br

CHICO E AS FLORESTAS PÚBLICAS

Está avançando o debate de programas de governo que promovam a substituição da exploração predatória da floresta, atualmente em uma fase de grande tensão com os fiscais no Pará, por um modelo baseado na valorização do manejo florestal correto e não-fraudado. O novo Plano Nacional de Florestas (PNF), elaborado dentro da Secretaria de Biodiversidade e Florestas, pretende aliar os atuais instrumentos de controle com outros de incentivo como créditos, assistência técnica e apoio de tecnologia - inclusive para pequenas comunidades. Nas idéias de Chico Mendes, é preciso lembrar que em muitas terras públicas (assim como nas "griladas" com títulos falsos) muitos moradores tradicionais não podem ser excluídos dos novos mecanismos de concessão e uso. Mais em www.mma.gov.br

CHICO E AS SEMENTES NATIVAS

Certamente entre os conhecimentos dos povos da floresta, das águas e do litoral brasileiro estão as sementes que chegam a apresentar dezenas de variações em uma mesma região - como é o caso da mandioca, alvo de evento especial durante a Conferência do Meio Ambiente. Em alguns casos as sementes se perderam com a orientação dos técnicos formados em escolas "brancas", que orientaram para o uso de variedades comerciais. Mas os bancos genéticos do país guardaram milhares de exemplares que com as técnicas modernas podem ser descongeladas e reutilizadas como no caso do milho sagrado dos Krahô e Xavante, agora novamente em uso com apoio de pesquisadores da Embrapa. Mais em www.grain.org/gd ou www.slowfood.org ou www.minc.gov.br

CHICO E AS PINTURAS ASSINADAS

A UNESCO, organismo de educação e cultura das Nações Unidas, reconheceu nas últimas semanas a pintura corporal dos Waiapi, povo indígena que vive no norte do Amapá, como um patrimônio imaterial da humanidade. É mais um exemplo de como a cultura humana (e as culturas, no plural da sua diversidade) forma uma riqueza que vai nos levar a valorizar os ancestrais, a memória dos mais antigos e o conhecimento dos mais discriminados. É uma arte, como afirmou o ministro Gilberto Gil, e essa é uma mudança que valoriza todos os brasileiros. Mais em www.amazonia.org.br

CHICO E AS VELHAS MONOCULTURAS

Nesta labuta de lembrar os ideais de Chico Mendes, não dá para ignorar sua crítica contra a destruição do meio ambiente e da vida das comunidades por empreendimentos rudes como as monoculturas - as pastagens imensas no lugar de florestas destruídas por madeireiras sem nenhum controle de manejo. Mais recentemente, as comunidades passaram a ser pressionadas pelo avanço de outras monoculturas como a soja no interior do cerrado e da floresta e o camarão nos manguezais. Extrativistas dos matos e das águas de repente notam o equilíbrio ameaçado, os berçários de animais sumindo e finalmente sua própria presença sendo impossibilitada (quando não intimidada). As seringueiras de Chico ficavam no meio das outras árvores, assim como os modernos sistemas agroflorestais, sistemas de permacultura ou outras formas de manejo sustentável. Documentos resultantes de debates entre comunidades e pesquisadores estão surgindo dos eventos em Sinop (MT), Itaituba (PA) e Santarém (PA) para que obras como o asfaltamento da rodovia entre Cuiabá e Santarém não repita os erros do passado contra a produção familiar e o meio ambiente para beneficiar apenas interesses externos à região. Mais em www.ipam.org.br, www.socioambiental.org.br, www.fcarajas.org.br e www.museu-goeldi.br

CHICO MENDES E O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA

A proposta de união dos povos da floresta, defendida por Chico Mendes como a única alternativa diante do avanço da devastação do capitalismo irresponsável, está tomando forma desde a organização de comunidades em seu cotidiano até encontros dos povos dos países pan-amazônicos através de reuniões de cooperação nas fronteiras. Mas em cada região começam a tomar forma planos de desenvolvimento sustentável - como em Altamira, onde surgiu a proposta avançada do Proambiente, e outras áreas. E agora com o II Congresso de Desenvolvimento Sustentável do Arquipélago do Marajó. Reunindo de movimentos sociais a setores dos governos municipal, estadual e federal, vai acontecer de 12 a 14 de dezembro em São Sebastião. Os painéis serão sobre infra-estrutura, desenvolvimento socioambiental e experiências econômicas comunitárias. E ainda vai lançar a Universidade Livre do Marajó, coincidentemente com o debate da Universidade da Floresta lá no Vale do Juruá, no Acre. Quase que simultaneamente, em Benjamin Constant, participantes do Brasil e da Colômbia fazem um encontro preparatório para o Fórum Social Pan Amazônico (que acontece no início de fevereiro em Ciudad Guayana, na Venezuela) discutindo como a cooperação entre os povos pode gerar a paz. Mais em www.fspanamazonico.com.br e www.gta.org.br

Assessoria de Comunicação e Campanhas
GTA
José Arnaldo de Oliveira

Ouça aos domingos, às 10 horas de Brasília, o programa Natureza Viva em www.radiobras.gov.br/nacional (sintonize a Nacional da Amazônia, ondas curtas, no seu computador)

Veja também:

www.reportersocial.com.br
www.midiaindependente.org
www.portalamazonia.globo.com/amazonsat
www.jornaldomeioambiente.com.br
www.sbpcnet.org.br

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