Brasil: camponeses paranaenses destroem plantação de milho transgênico da Monsanto

Com o tema Terra livre de transgênicos e sem agrotóxico, encerrou-se (09.05.03) a 2ª Jornada de Agroecologia. Foram três dias de debates, oficinas e mobilizações contra os trangênicos e pela construção de um projeto popular para a agricultura e para o Brasil: ¡Fora Monsanto. Queremos um mundo e um Brasil ecológico e decente, livre de transgênicos para sempre!

No primeiro dia da Jornada aconteceu um ato no centro da cidade de Ponta Grossa, a concentração foi em Frente a Catedral, onde cada participante recebeu um prato que estava escrito: TRANSGÊNICO EU NÃO COMO, foi realizada uma caminha pelas principais ruas de Ponta Grossa e no final vários produtos industrializados que contém trangênicos foram queimados.

No ato de abertura estavam presentes várias autoridades, destacamos a presença do vice-governador do Estado do Paraná, o Sr. Orlando Pessuti que reafirmou a determinação do governo do estado em manter as terras paranaenses livre de transgênicos. Também esteve presente Plínio de Arruda Sampaio que falou da necessidade de mudança no modelo agrícola atual, que hoje causa dois sérios problemas: fome - pois se produz para gerar lucro para as empresas multinacionais e não para alimentar o povo ? e os agrotóxicos, que causam sérios danos a natureza e às pessoas. Para resolver estes problemas a alternativa e fazer uma verdadeira reforma agrária e a mudança na matriz tecnológica, ou seja, substituição dos agrotóxicos por uma produção agroecológica, que gere autonomia e soberania sobre as sementes e sobre a produção agrícola.

Aconteceram vários debates importantes, um dos momentos mais aplaudidos foi quando Peter Rosset disse que está nas mãos dos brasileiros a sobrevivência ou a falência da Monsanto, que hoje depende da abertura do mercado brasileiro de sementes de soja ? que é um dos maiores mercados do mundo ? para seguir como empresa, caso contrários corre o risco de falir, por isso pressionam tanto o Brasil para que libere os transgênicos. Jean Marc da ASPTA, lembrou que hoje existem dois importantes pólos de resistência aos transgênicos, um é o Brasil, pela sua capacidade de produção agrícola, o outro é a Europa, pela conscientização dos consumidores que não compram produtos transgênicos. Os produtores estadunidense perderam muito mercado por produzirem transgênicos, por isso a estratégia de incentivar a produção de transgênicos no Brasil, assim a Europa não teria de onde comprar produtos não transgênicos.

Também aconteceram oficinas sobre políticas públicas, água, sementes, transgênicos, experiências agroecologicas, entre outras.

Na plenária final foi aprovada a carta da Jornada de Agroecologia, que reafirma a continuidade das ações articuladas das mais de vinte entidades organizadoras do evento, tendo como lutas:

1- Implementação de políticas públicas de promoção da agricultura ecológica familiar, com linhas de crédito subsidiado, programas de abastecimento em instituições públicas e populares para erradicação da fome, agroindustrialização comunitária dos produtos ecológicos, criação do ensino médio e universitário em agroecologia e introdução desta no currículo escolar, redirecionar a pesquisa e extensão rural pública;

2- Promover de forma permanente a campanha ?Sementes Patrimônio da Humanidade?, combater a destruição das florestas e impedir a privatização das águas;

3- Conquistar uma Reforma Agrária massiva, que resgate a dignidade de milhões de famílias, e acabe com o latifúndio e estabeleça o limite máximo para a propriedade da terra no Brasil;

4- Participar das mobilizações internacionais e no Brasil contra a ALCA e OMC;

5- Integrar-se nas ações da Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos;

6- Exigir que o Governo Federal exproprie as empresas que cultivam transgênicos ilegalmente no país;

7- Estimular e organizar ocupações em áreas que contenham cultivos transgênicos ilegais.

A carta e as moções destinadas ao Presidente Lula e ao Governador Roberto Requião podem ser lidas na integra no seguinte endereço: www.jornadadeagroecologia.com.br

Definidas as bandeiras de lutas, os 4 mil participantes tomaram a decisão de destruir uma plantação de milho trangênicos da Monsanto que estava sendo produzido a poucos quilômetros do local onde estava sendo realizada a Jornada de Agroecologia. No inicio da tarde homens, mulheres, crianças e jovens que participavam da jornada seguiram em direção a área com experimentos transgênicos. Em poucos minutos a roça de 10 hectares de milho RR estava no chão, em seguida foi ateado fogo, para que todo o milho transgênico fosse queimado. Assim encerrou-se a 2ª Jornada de Agroecologia, com os camponeses dizendo FORA MONSANTO. QUEREMOS UM MUNDO E UM BRASIL ECOLÓGICO E DECENTE, LIVRE DE TRANSGÊNICOS PARA SEMPRE.

Fuente: Jornada Paranaense de Agroecologia
http://www.jornadadeagroecologia.com.br/

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