Curso de Agentes Populares de Alimentação e Saúde encerra ciclo fortalecendo agroecologia urbana e saúde coletiva nas favelas do RJ
O Curso de Formação de Agentes Populares de Alimentação e Saúde (APAS), fruto da parceria entre o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Fiocruz, chegou ao fim com chave de ouro: o Módulo III transformou teoria em ação, levando técnicas de agricultura urbana, manejo agroecológico e biopoder camponês para as favelas do Rio. Se no início discutimos o racismo nutricional e a mercantilização da comida, agora o trabalho foi prático, com planos para fortalecer os seus territórios.
O curso encerrou suas atividades com oficinas práticas sobre agricultura urbana e manejo agroecológico. O último módulo reuniu participantes em torno de técnicas acessíveis para produção de alimentos saudáveis em espaços urbanos. Durante as atividades, os agentes aprenderam a produzir bioinsumos como a água de vidro – alternativa natural aos agrotóxicos – e montaram canteiros com materiais recicláveis, como garrafas PET e canos. A gestão de resíduos orgânicos também foi tema central, com técnicas de compostagem apresentadas pela equipe da Fiocruz.
Na etapa final, os participantes trabalharam com mapas territoriais para identificar desafios e soluções locais, como a criação de hortas comunitárias e mutirões de manejo e compostagem. A avaliação coletiva destacou a formação de redes comunitárias e o acesso a técnicas sustentáveis como pontos positivos, enquanto a necessidade de ampliar o tempo das oficinas e incluir mais vozes dos territórios ficou como desafio para as próximas edições do curso de APAS.

Imagem: Felipe Braga
O curso, que começou discutindo os impactos do agronegócio e dos ultraprocessados na saúde das favelas, terminou com propostas concretas para fortalecer a soberania alimentar nos territórios. A iniciativa reforça o compromisso do MPA e da Fiocruz com a formação crítica e a promoção da agroecologia como ferramenta de transformação social.
Para Muriel Assumpção, coordenadora do projeto pelo MPA, os resultados confirmam o impacto direto da iniciativa: “Concretizamos nosso objetivo ao fortalecer a organização comunitária e capacitar agentes críticos, com planos de ação que já estão sendo executados nos territórios, durante a vigência do projeto”, afirmou. A declaração reforça o caráter prático da formação, que desde o primeiro módulo discutiu os desafios alimentares urbanos até chegar às soluções agroecológicas implementadas pelos participantes.