Em resposta ao PL do Veneno, entidades lançam dossiê com alternativas ao agrotóxico

Idioma Portugués
País Brasil

Passados mais de dois anos da aprovação em comissões especiais do Projeto de Lei (PL) 6.299/2002, o chamado Pacote do Veneno está pronto para ser apreciado a qualquer momento pelo plenário da Câmara dos Deputados. Diante do avanço da proposta, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) lançaram nesta quinta-feira (15) a segunda edição do dossiê “Contra o Pacote do Veneno e em Defesa da Vida”. O documento também conta com a parceria da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que acaba de completar 10 anos.

A nova edição do dossiê atualiza a versão de 2018 com um conjunto de 25 notas técnicas públicas  contrárias ao Pacote do Veneno. São pareceres da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ibama, Ministério da Saúde e até de relatores especiais das Nações Unidas e da Advocacia-Geral da União (AGU). Uma “unanimidade científica”, como destaca um dos organizadores do dossiê, Fernando Carneiro. De acordo com ele, os documentos corriam o risco de serem retirados do site pelo governo federal. “O livro garante que todo esse material esteja devidamente protegido e registrado com esse consenso histórico”, afirma o também pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e vice-coordenador do grupo temático Saúde e Ambiente da Abrasco.

O documento, contudo, também lembra que há alternativas viáveis para potencializar a produção agrícola no país. O dossiê registra a análise científica favorável ao PL 6.670/2016 que institui a  Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara). O projeto trata da possibilidade de transição e promoção da chamada agroecologia e está pronto para ser analisado. “(A agroecologia) Que no futuro pode tornar o Brasil um dos maiores produtores de alimentos saudáveis no planeta”, analisa Carneiro. 

Vida ou morte

O dossiê chama atenção para um balanço dos governo de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Duas gestões que marcaram o desmonte dos órgãos de fiscalização, aparelhando-os com representantes do agronegócio, o setor responsável pelo PL do Veneno. 

Em entrevista a Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual, o pesquisador da Fiocruz diz que a oposição dos projetos mostra a “encruzilhada histórica” do país. De acordo com ele, são escolhas de vida ou morte. “Estamos lidando com uma pandemia, uma doença sistêmica que atinge não apenas o sistema respiratório, mas cérebro, fígado, todo o sistema imune. Agora imagina você com o sistema imune debilitado porque já está tendo um bombardeio químico?”, questiona. “Então nosso grito é esse. Tirar as pessoas e as entidades dessa situação de inanição e mostrar que a vida precisa pulsar”, enfatiza Carneiro. 

Redação: Clara Assunção

Fonte: Rede Brasil Atual

Temas: Agrotóxicos

Comentarios