Glifosato é tóxico, mas Roundup é pior

Novas descobertas científicas apontam sérios riscos em relação à segurança dos herbicidas mais utilizados nas lavouras transgênicas

Um amplo espectro de herbicidas a base de glifosato, comumente vendidos na forma comercial Roundup (da empresa Monsanto) têm sido utilizados tanto em áreas cultivadas como em áreas não cultivadas em todo o mundo desde que foi introduzido na década de 70. O Roundup é uma combinação do glifosato com outros químicos, incluindo um surfactante (detergente), que aumenta a difusão das gotas do spray nas folhas das plantas. O uso do Roundup expandiu-se especialmente nos países onde são cultivadas plantas geneticamente modificadas.

O glifosato mata as plantas através da inibição de uma enzima essencial para a formação de aminoácidos aromáticos como a fenilalanina, tirosina e o triptofano, que constituem vitaminas e outros metabólitoso secundários. (...) Acredita-se que seja particularmente específico em ação e menos tóxico do que outros herbicidas, já que a enzima não está presente em mamíferos e humanos. Contudo, o glifosato age impedindo a ligação do fosfoenol piruvato com o sítio ativo da enzima. O fosofoenol piruvato é o principal metabólito presente em todos os organismos, tendo o potencial de afetar outras rotas metabólicas. Essa descoberta é sustentada por muitos estudos de toxicidade associados com os herbicidas examinados no relatório “The Case for a GM-Free Sustainable World”.

Um estudo epidemiológico nas populações agricultoras de Ontário (Canadá) mostrou que a exposição ao glifosato quase dobrou o risco de abortos espontâneos precoces, e o Prof. Eric-Giles Seralini e sua equipe de pesquisa da Universidade de Caen na França decidiram investigar mais sobre os efeitos do herbicida nas células da placenta humana.

Eles mostraram que o glifosato é tóxico para as células placentárias humanas, matando uma grande porção dessas após 8h de exposição em concentrações inferiores às utilizadas na agricultura. Além disso, o Roundup é sempre mais tóxico do que seu ingrediente ativo, o glifosato, no mínimo duas vezes mais. O efeito aumentou com o tempo, e foi obtido com concentrações do Roundup 10 vezes menores do que as utilizadas na agricultura. (...)

Curiosamente, o Roundup aumentou a atividade enzimática após uma hora de incubação, possivelmente por causa do efeito do surfactante em tornar o substrato andrógeno mais disponível para a enzima. Mas em 18h de incubação, o Roundup invariavelmente inibiu a atividade enzimática, estando essa associada com diminuição na síntese de mRNA, sugerindo que o Roundup diminuiu a taxa de transcrição do gene. Seralini e seu grupo sugerem que os outros ingredientes da formulação Roundup aumentam a disponibilidade ou o acúmulo de glifosato nas células. (...)

Novas pesquisas mostram que breves exposições ao glifosato comercial causaram danos no fígado de ratos, como indicado pela liberação de enzimas intracelulares do fígado. Nesse estudo, o glifosato e o surfactante agiam em sinergia para aumentar os danos ao fígado. (...)

Existe agora uma abundância de evidências de que o glifosato requer em todo o mundo advertências a saúde e uma nova revisão da sua regulamentação. Enquanto isso seu uso deveria ser reduzido ao mínimo como uma maneira prudente de precaução.

Fonte: ISIS

Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
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